Parece que eu tinha virado criança de novo. Foi só abrir o capô da picape RAM para me sentir minúsculo: quase precisei esticar o pescoço para olhar para o motor, de tão grande que é o modelo. Além de grande, é único e não no sentido marqueteiro da palavra. É que a Chrysler agora está sozinha no segmento de picapes grandes ou, como os americanos chamam, “full size”.
Vilãs da crise do petróleo, elas continuam populares nos Estados Unidos, depois que o susto do possível aumento da gasolina se desfez. Mas a Chrysler acredita que elas podem fazer sucessor também no Brasil, claro, guardadas as devidas proporções. Por isso, agora a RAM volta ao cenário brasileiro, renovada, maior e mais equipada. Mas ainda um caminhão.
Enquanto os modelos médios – Amarok, S10, Hilux, Ranger etc – seguem na direção do visual de automóvel, a RAM, mesmo atualizada, continua com aspecto de caminhão mesmo. Ontem fui ao lançamento do modelo no Rio de Janeiro e encontrei um produto curioso. Primeiro pelo porte, que deixa qualquer média minúscula – é um dos poucos modelos que o estribo é realmente fundamental já que você pula ao sair -, segundo porque a picape tem várias funcionalidades voltadas ao uso pesado. Terceiro porque vê-la de frente é como olhar para um caminhão mesmo, com a grade retangular imensa e os para-choques cromados.
Nos Estados Unidos, a Chrysler vende três modelos da RAM, a 1500, 2500 e 3500, com direito a pneus duplos na traseira. Como indicam os números, enquanto a primeira está mais perto das picapes médias, com suspensão independente e console central com alavanca de câmbio, a maior é um utilitário de fato. Nós, brasileiros, ficamos com a do meio, que é forte, mas ainda próxima de outros “quase” rivais. A Chrysler a preferiu pelo diferencial de levar seis pessoas – a 6ª passageira fica num banco central na frente que é rebatível. Com isso, a RAM possui alavanca de trocas de marchas atrás do volante, como os velhos modelos da década de 60 e 70.
Ajuda indispensável
O test-drive aconteceu dentro do que restou do Autódromo de Jacarepaguá, no Rio. Tudo isso porque poucos jornalistas possuem a carteira C, necessária para guiar esses modelos tão pesados – mais de 3 toneladas no caso da RAM. Apesar do tamanho, a picape é fácil de dirigir: direção leve e que esterça como poucos veículos, transmissão automática de 6 marchas e trocas suaves e um motor diesel com 310 cv e 85 kgfm de torque suficiente para rodar bem, mas sem muito ímpeto.
Mesmo com suspensões de eixo rígido e todo o peso que carrega, a RAM é confortável e mais firme do que algumas picape menores, para minha surpresa. Mas basta entrar mais forte numa curva para que os sistemas ativos de segurança sejam acionados. Abusei numa delas e senti de imediato o controle de estabilidade entrar em ação. Literalmente, sem esses recursos, dirigir um modelo como esse requer muito cuidado.
Como disse o supervisor de produto da Chrysler, Emilio Paganoni, “a RAM é para picapeiros tradicionais”. Isso explica a existência de vários equipamentos específicos como o que muda a relação das marchas quando a picape está carregada, ou o sistema de auxílio de freios para reboques, itens exclusivos dela.
Sem a companhia da F250, que a Ford desistiu de vender, a meta da RAM, agora que é uma marca separada da Dodge, é buscar os clientes que querem mais que uma picape média automática. Por isso a diferença de preço não chega a ser gritante: R$ 149.900 na região Sul e Sudeste, entre outros, e R$ 146.899 no Nordeste e Centro-Oeste, regiões que andam mais interessadas nesse tipo de veículo.
A meta da Chrysler é vender 2 mil unidades por ano, uma meta razoável para uma picape que vem do México sem pagar imposto de importação – mas que arca com o IPI ampliado. Não é assim um número para agradar americano, mas está bom para o Brasil.
grande, desengonçada, pessima p/ manobrar em centros urbanos mas ela é m.a.r.a.v.i..h.o.s.a.!! que picape linda! imponente, deve ser uma delicia pegar estrada com ela, e mesmo custando 149 mil, é uma pechincha perto dos 139 mil pedidos pela nova S-10!
Embora fora do meu alcance, estive calculando…Nos EUA uma picape dessas custa por volta de US$ 40 mil; uma Frontier crew cab (similar a nova S-10, nova Ranger, Amarok e Triton) em torno de US$ 28 mil.
Arrendondando o valores, a proporção é de 3/4. No Brasil a Frontier "top" automática (e as outras) custam na faixa dos R$ 120, 130 mil, para mais.
Tomando como referencia o preço da RAM 2500 Laramie, uma Frontier (ou qq. uma das outras picapes médias) deveria custar: 150/4 x 3 = R$ 112.500 e não R$ 130 mil !!
É…alguma coisa continua errada neste país !!
Tudo!
O problema está básicamente na miopia que impede-nos de enchergar o que acontece no mundo, pois pagar o dobro, o triplo, que os bem remunerados Americanos pagam!
Um Jetta topo de linha no México custa "módicos" 50mil reais com motor turbo e muito mais e aqui, o mesmo sai por mais de 90 mil!
É preciso quebrar os muros que nos separam do resto do mundo! Quem sabe assim pagamos menos impostos, pagamos menos pelos horrendos produtos ofertados etc…