Ler sobre algum produto ou serviço caríssimo no Brasil já virou rotina. Por uma conjunção de fatores, nosso país virou o paraíso do preço alto. No mercado de carros, então, governo e montadoras aproveitam o interesse crescente de milhões de brasileiros que passaram a conseguir financiar um carro para ganhar seja na margem de lucro ou nos obesos impostos.
Mas até mesmo para os padrões brasileiros alguns veículos têm preços beirando o absurdo. A mais recente surpresa foi o Elantra. O sedã médio foi oficialmente anunciado nesta semana com novo motor flex 2.0 com 178 cv, o mais potente da categoria. Até aí tudo lindo. O problema é que o modelo custa R$ 96.386 na versão sem teto solar. Com ele, o preço pula para R$ 99.860.
É muita, muita coisa. Só para citar dois exemplos, o Corolla mais caro com motor 2.0 sai por R$ 82.280 e o Fluence, da Renault, R$ 73.050, com conteúdos semelhantes. Claro que parte da culpa para essa distorção em certos casos é o imposto extra cobrado dos modelos importados. Mas o que é de se estranhar é que certas marcas em vez de desistirem de vendê-los aqui repassam esse custo e colocam o produto para vender como se fosse natural vender um veículo assim por R$ 100 mil.
A Honda foi outra dessas montadoras a aumentar o valor pedido por um de seus carros sem que houvesse algo que justificasse isso. Aconteceu com o CR-V, que virou flex com o mesmo motor do Civic, ganhou um ou outro adendo e teve seu preço majorado para R$ 98.900, quase R$ 15 mil a mais que antes. Em parte, causado pelo problema de limitação de importação do México.
Mas há quem peça muito, mesmo sem um pretexto na manga. É o caso da Citroën que achou a “mina de ouro” com a linha DS. O DS4 é outro veículo que custa R$ 99.900, ou quase R$ 100 mil. Tem motor turbo moderno, ar bi-zone, assistência para baliza, som premium, Bluetooth e…nada que outros carros de R$ 70 mil ou R$ 80 mil não tenham. O “acréscimo” no preço fica por conta do design diferenciado, mas no fundo o cliente leva para casa um C4 caprichado – até a suspensão traseira é tão simples quanto a de um Gol G4. O curioso é que o DS4 é caro até na França…
Por falar em simplicidade, se você procura um hatch médio premium por R$ 100 mil pode levar para casa o novo BMW Série 1 na versão 116i e ainda recebe de troco R$ 10 mil. Ou, então, comprar o estreante Mercedes-Benz Classe A na versão Style por R$ 99.990. E se for numa loja da Audi? Vai ter de se contentar com um A1 Sportback 1.4 que custa R$ 94.900. O problema é que o A1 é um carro pequeno e com motor de 122 cv sem falar na suspensão traseira por eixo de torção enquanto os rivais são maiores e com suspensão independente. Se quiser algo parecido na Audi precisará pagar R$ 115 mil pela versão 2 portas do novo A3 Sport. Que dureza.
Mas os preços abusivos não ficam só entre coreanos, japoneses, franceses e alemães. Os americanos também têm seu modelo “anti-premium”, o Jeep Compass. O crossover, aliás, é o único “rival” direto do CR-V com preço inflado. Chegou ao Brasil por R$ 100 mil, mas a Chrysler já baixou seu preço para R$ 92.900 e agora oferece o carro por R$ 89.900. Ao menos ela se tocou que o preço não colou. Ainda assim é caro para um veículo desatualizado lançado em 2007, pesado e de desempenho decepcionante. A resposta está nas vendas minguadas desde o lançamento.
A verdade é que esses cinco modelos deveriam encalhar nas vendas para que suas respectivas marcas resolvessem baixar seus preços, ou, então, caso isso não seja possível, tirá-los de cena. A não ser que a máxima do “tem quem pague” continue a valer no Brasil.
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Já de muito que o brasileiro é encabrestado pelo conluio entre governo e montadoras. Aonde será que foi parar a tal audiência que o congresso faria para abrir a "caixa preta" das montadoras ?
Muitos brasileiros ainda tem a mentalidade de que pagar caro num carro é sinal de status, todo mundo sabe que o carro dele é "caro" e isso pra ele é mais importante do que fazer uma compra mais racional, ter tanto ou mais valor agregado pelo preço pago com menos status. Enquanto houver esse tipo de consumidor no Brasil, haverá espaço pra esses produtos.
Wilson seu comentário e o mais racional, estão preocupados no valor que pagam para demostrar poder.
Preços altos e outros agregados nunca vão mudar.
Para complementar vejo carros custando R$50.000,00 e usando freio tambor nas rodas traseiras.
deveria ter um teto pra esses preços…chamado de vergonha na cara…nós somos a arma mas não paramos pra enxergar isso…se queixam , mas correm nas CSS, a cada lançamentos, sem se importar com os preços absurdos..não se dão conta no que estão transformando o país…
E se nós importamos diretamente os carros? Será que conseguiriamos um valor mais justo?