Os professores da Unicamp Fernando Sarti e Célio Hiratuka: lucro de US$ 4 bilhões em 2010

Li a entrevista do especialista Célio Hiratuka, professor do Instituto de Economia da Unicamp, à revista Automotive News Brasil deste mês. Nela, Hiratuka fala sobre a falta de competitividade da indústria automobilística no Brasil e das saídas para voltar a exportar e, principalmente, modernizar o parque industrial.

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Mas o que mais me chamou atenção foi uma pergunta da revista sobre o envio de lucro para as matrizes em 2010, da ordem de US$ 4 bilhões, segundo dados fornecidos pelo Banco Central. Nesse trecho da entrevista, a ANB cita um artigo do professor que falava desse valor impressionante. Fui atrás dele na internet e encontrei uma matéria da revista Carta Capital de fevereiro.

Apesar de relativamente antigo, o artigo é bem esclarecedor. Lá, Hiratuka questiona o fato de as montadoras terem enviado os US$ 4 bilhões no ano passado e investirem apenas US$ 450 milhões em suas filiais brasileiras. Não é só: o professor diz que entre 2008 e 2010 foram US$ 12,4 bilhões de lucros enviados para o exterior contra um investimento de US$ 3,6 bilhões, ou seja, um saldo negativo de quase US$ 9 bilhões.

Tem mais. Nesse mesmo intervalo, as montadoras e autopeças captaram US$ 8,7 bilhões do BNDES, o banco de desenvolvimento do governo brasileiro, que oferece dinheiro com juros mais baixos. Mas apenas uma pequena parte foi usada em projetos no Brasil: “Isso significa que quase a totalidade dos recursos necessários para financiar seus investimentos saiu dos cofres públicos, enquanto parcela expressiva dos lucros foi transferida para as matrizes”, diz Hiratuka e Fernando Sarti, professor da mesma universidade e co-autor do texto.

A matéria diz ainda que as montadoras aproveitaram a capacidade ociosa de fábricas de mercados atingidos pela crise para importar veículos com valores mais baixos. É o caso do México, por exemplo, que perdeu vendas para os EUA, mercado abalado pela crise financeira há dois anos.

Já na entrevista ao ANB, o professor não fala sobre esse “desinteresse” por investir no Brasil. A matéria só se concentra nos problemas conjunturais e de infraestrutura do nosso país sem questionar esse paradoxo em que a indústria automobilística se queixa das dificuldades do mercado brasileiro, mas vende e lucra como nunca, como os números mostram.