Foi a minha primeira visita ao Salão de Buenos Aires. Deveria ter conhecido o evento em 2011 mas o vulcão chileno impediu que muitos jornalistas viajassem para a Argentina na reabertura do evento, na época cancelado por vários anos.
Não que o salão portenho faça assim grande diferença, o que é uma pena já que pretende revezar com São Paulo e, assim, permitir que as marcas mostrem suas principais novidades todos os anos. Mas é um evento pequeno que só não passaria despercebido caso não houvesse uma lista significativa de novidades para o Brasil como a picape Duster Oroch ou o Sandero R.S., que a Renault mostrou em primeira mão. A Peugeot também fez sua parte e reservou para o pavilhão da La Rural (que de rural só tem o nome) os renovados 308 e 408. Assim como ela, a Ford antecipou o Focus reestilizado, que será lançado no Brasil esta semana. E a Nissan foi mais longe: mostrou a nova Frontier, a NP300, que será fabricada na Argentina, mas só em 2017 e não substitui a brasileira por razões pouco claras.
Mas o Salão de Buenos Aires foi uma vitrine curiosa de carros que não têm a mínima chance de chegar ao Brasil. E, dependendo do caso, nem mesmo na Argentina, onde o imposto do luxo, que acrescenta até 50% a mais de taxas, dependendo do preço, impede que alguns modelos sejam vendidos lá.
No estande da Fiat, por exemplo, estava lá o 500X, irmão do Renegade que todos gostariam de ver nas lojas brasileiras. Mas ele foi a passeio, segundo a marca. Não há planos de lançá-lo já que a minivan 500L, embora à venda, não emplaca quase nada por lá.
Nem tudo é pessimismo, é verdade. Enquanto no Brasil o novo Passat ainda é mistério, no vizinho ele estava lá todo pomposo, assim como o Smart Forfour ou o Mustang, cujas vendas começarão em 2016 – aqui ele permanece na geladeira.
A GM antecipou no salão a nova versão da picape S10, a High Country, cheia de acessórios e visual mais urbano. Ela será lançada no Brasil no início de julho. Já a Toyota decepcionou. Esperava-se a nova Hilux, que será produzida ainda em 2015 na Argentina, mas nada, apenas a versão atual estava exposta, assim como carros pouco significativos no nosso mercado como o hatch Yaris e o Mirai, seu primeiro carro a hidrogênio.
O certo ar de desânimo no evento tem razão de ser: tanto o mercado argentino quanto o brasileiro estão em baixa graças às políticas um tanto atrapalhadas de seus governos. O jeito é apreciar o salão e voltar à realidade do lado de fora.