Se a situação não é fácil para o hatch A3, que tem concorrentes de peso como o BMW Série 1 e o Volvo C30, que dirá o sedã A4. A Audi nem viu de perto os rivais Classe C, da Mercedes-Benz, e Série 3, da BMW. O primeiro emplacou 1 828 unidades enquanto o segundo, impressionantes 2 221 unidades. O A4? Apenas 758 carros. O Mercedes é o mais caro – começa em R$ 146 250 – e o Série 3, o mais barato. A versão 320 mais simples lançada no ano passado deu mais gás ainda para suas vendas. Difícil explicar a razão das fracas vendas olhando apenas os produtos. Certamente, a rede da Audi ainda não se recuperou da falta de apoio da empresa e, cá para nós, o A4 atual não empolga tanto quanto seus rivais ao menos no visual.
Talvez por isso o A4 Sport lançado pela marca alemã invista justamente no design mais esportivo, além do motor mais forte. Externamente, o sedã vem equipado com o kit S-Line composto de adendos aerodinâmicos, saídas cromadas duplas de escapamento e mais cromado nas junções das janelas. As rodas, embora tenham as dimensões do A4 Ambiente têm desenho exclusivo e mais esportivo. Por dentro, bancos mais envolventes e acabamento em couro Alcântara, muito confortável.
O câmbio do A4 Sport é o mesmo Multitronic da versão mais barata, mas tem escalonamento diferente, lembrando que trata-se de uma programação eletrônica – o Multitronic usa o sistema CVT, de marchas continuamente variáveis. Já o motor TFSI 2.0 litros ganhou mais potência e torque – atinge 214 cv a partir de 4300 rpm e 35,7 kgfm entre 1 500 e 4 200. Aliás, impressionante esse motor: a Audi tira dele o que precisa, dependendo do modelo. Se não me engano, o TT-S consegue cerca de 270 cv de um motor de 2 litros.
Graças a isso, o A4 Sport é bem mais veloz que o A4 Ambiente: velocidade máxima d 240 km/h e o a 100 km/h em 6,9 segundos contra 8,5 segundos. O problema é que a Audi cobra R$ 45 124 pelo motor mais forte e o kit S Line. Com isso preço do sedã vai para R$ 185 124. É mais barato que o BMW 325 e que o Classe C300, porém, cobrar o preço de um Astra por isso parece exagerado.
Ajustes de suspensão são o destaque, mas pagos à parte
A oportunidade de dirigir o A4 Sport depois de rodar cerca de 100 km com o A3 Sport foi providencial. Antes de mais nada, uma curiosidade. No post do A3 que fala dos rumores de uma versão sedã na próxima geração do modelo, alguns leitores observaram que o A4 seria o “sedã” do A3. Era uma impressão que tinha também, mas fiz questão de observar alguns aspectos dos dois carros e posso garantir que eles estão bem longe de serem “irmãos”. No máximo, “primos”. Sim, eles compartilham muita coisa, mas o A4 é mais largo internamente, seu painel tem outra configuração e até a disposição dos motores é diferente: o A3 usa motores transversais e o A4, longitudinais.
Ou seja, dá sim para criar um A3 sedã. Será um carro mais simples e menor, com entreeixos mais curto. Já um A4 hatch ficaria estranho, sem dúvida.
Mas como dizia, dirigir o A4 depois do A3 foi útil para notar o rodar mais macio e silencioso do sedã. O A4 é um carro mais requintado – deixa o A3 com certo ar rústico até. Seu painel é mais envolvente e completo, mas um pecado: o ar-condicionado é de zona simples. Ajustes individuais somente no topo de linha 3.2 Ambition que compensa com três zonas.
A direção Servotronic é muito leve e ágil e o câmbio Multitronic, com “oito marchas”, permite uma aceleração constante e vigorosa. O entreeixos imenso (2,808 m) e a bitola de 1,56 m deixaram o rodar confortável, mas se você busca mais emoção basta acionar a tecla “Dynamic” no sistema Audi Drive Select. Ah, sim, se você quiser pagar pelo equipamento, opcional em todas as versões.
Configuração incomum
Como dissemos no começo do texto, o motor 4 cilndros em linha do A4 está instalado longitudinalmente, assim como seus rivais, mas o Audi tem tração dianteira enquanto nos outros ela é traseira. A configuração é pouco comum hoje, Normalmente carros com tração dianteira usam motores transversais por questões óbvias: o eixo do motor está alinhado com o eixo dianteiro.
Apesar disso, a marca explica que o motor é compacto, está posicionado atrás do eixo dianteiro e tem espaço para se deslocar para baixo sem atingir o cockpit.
Pouco apelo
A novidade da Audi é boa, um tanto cara a nosso ver, mas o problema talvez nem seja esse. O A4 é um carro de design comum, enquanto seus rivais estão em gerações bem mais inspiradas. O Classe C nunca vendeu tanto e o Série 3, mesmo já próximo da troca de geração, é o mais arrojado deles, sem falar que é, de longe, o mais em conta.
Como a Audi já disse que não reduzirá preços, sobra apenas um bom trabalho de marketing para convencer os potenciais compradores desses sedãs premium.
Gostamos
– Direção Servotronic
– Câmbio Multitronic
– Bancos de couro
Não gostamos
– Design
– Espaço longitudinal da cabine
– Ar-condicionado de uma zona apenas