Coloquem a mão na carteira: a Toyota lançou nesta terça-feira o Corolla 2012 e, pasmém, conseguiu achar motivo para aumentar o preço do sedã. Tudo porque o carro ganhou um leve e discutível facelift e melhorou o motor 1.8, que agora conta com o Dual VVTi, duplo comando variável de válvulas, assim como o motor 2.0.
Se antes o XLi saía a partir de R$ 62.110 agora a linha 2012 custa R$ 63.570. O GLi, também 1.8, pulou na versão manual de R$ 65.950 para R$ 67.070. Para compensar o abuso, a Toyota enfiou pouco a faca no XEi – de R$ 76.300 para R$ 76.770 – e reduziu o preço do Corolla Altis, nome mais que apropriado para um sedã de preço altíssimo: R$ 86.570 contra R$ 88.250.
Certamente é jogo de cena porque as concessionárias praticam preços mais realistas, embora ainda acima do que deveria valer um sedã. Com tantos concorrentes chegando este ano, a Toyota vai precisar engolir o orgulho e melhorar a oferta de seu carro.
Arrisco dizer que o baque financeiro de 2008 fez muito mal às montadoras japonesas. A impressão é que elas perderam o rumo. A Honda aparentemente destruiu o Civic, preocupada que está com o consumo e os custos de produção. Agora a Toyota promove uma reestilização careta, que fez o carro ficar mais velho – comparem as lanternas antigas com as novas. E a marca tem o cinismo de dizer que o carro ficou mais esportivo. Outra bobeira: o Corolla não é nunca vai ser esportivo. Não é seu caráter. A não ser que resolva mudar tudo como fez a Honda com o atual Civic.
Outro erro: em vez trocar o câmbio automático de 4 marchas por algo mais moderno, com pelo menos 5 velocidades, a Toyota mexeu no câmbio manual, que agora tem 6 marchas. Só pode ter sido uma mensagem errada do marketing para engenharia: “olha, precisamos de um câmbio automático de seis marchas igual a Kia e Hyundai”, o que foi respondido no Japão com “ah, câmbio manoaro de seis marcha né?”.
Pelo menos o motor 1.8 VVTi continua evoluindo. Agora o motor possui 144 cv de potência e 18,6 kgfm de torque usando etanol. O consumo, segundo a Toyota, melhorou de 6,43 km/l para 7,46 km/l na cidade e de 9,97 kml para 10,95 km/l.
Agora se preparem para as melhorias na lista de equipamentos: o XLi ganhou, vejam só, alarme, travamento automático das portas a 20 km/h e entrada para iPod/iPhone. E o XEi e o Altis estão “melhores” ainda: sistema de som com Bluetooth e entrada para USB, iPod, Pen Drive além de uma câmera de ré no Altis. Olha, fiquei sem palavras…
Só para dizer que tem
Com uma performance melhor, o motor 1.8 Dual VVTi faz praticamente o mesmo que o 2.0 Dual VVTi gastando bem menos. Ou seja, ter o 2.0 é apenas questão de marketing, para parecer que seu carro é potente. Exemplo? A aceleração de 0 a 100 km/h do 2.0 é feita em 11,6 segundos e o 1.8 agora leva 12,17 segundos, menos de seis décimos. Se estivéssemos falando de esportivos a diferença seria monstruosa, mas estamos falando de sedãs confortáveis e silenciosos cujos donos estão mais preocupados com segurança e confiabilidade que levar meio segundo a menos para chegar no próximo semáforo.
No mercado automobilístico não existem mocinhos e vilões. Todo mundo assume um desses papeis, dependendo das circunstâncias. Quando a GM estava prostrada, curtindo a onipresença do Vectra entre os sedãs médios, a Honda e a Toyota foram humildes em oferecer carros melhores e mais confiáveis. Bastou virarem referência para mudarem de lado e assumirem o papel de vilões, que cobram valores acima da média porque se acham a última bolacha do pacote. A chegada dos coreanos e mesmo de outros concorrentes melhores e mais baratos, sem dúvida, colocará essa momentânea liderança em xeque se Toyota e Honda não acordarem desse sonho tarde mais.
Preços do Corolla 2012: