Se no mercado brasileiro de veículos 2014 é considerado um ano ruim, de vendas em queda, o segmento de luxo vive o oposto: vendas em alta e modelos cada vez mais acessíveis (claro que apenas para quem tem mais de R$ 90 mil no bolso). Apesar disso, algumas marca ‘premium’ estão receosas de entrar no Brasil. Depois da Cadillac e Acura, agora foi a vez da Infiniti suspender seus planos de abrir lojas no País em 2015.
Entre as razões prováveis estão o cenário atual e o preço alto que teriam de ser vendidos seus carros, mas certamente o maior impeditivo é o programa Inovar-Auto. Com ele, quem não tem fábrica no Brasil fica para trás, com carros pagando 30 pontos extras de IPI. É nesse aspecto que Audi, BMW, Land Rover e Mercedes-Benz levam vantagem. As quatro estão construindo fábricas no Brasil e ficando isentas do imposto extra.
Para o importador que está aqui e não tem bala para construir uma fábrica local, a situação é complicada. Basta ver o que ocorre com a Kia e Volvo, que vendem dentro de cotas limitadíssimas.
Com isso, o mercado ficou ótimo para os alemães – além da Land Rover -, que já são os mais fortes no segmento de luxo. Outro motivo de decepção foi a recepção fria que teve a Lexus, marca de luxo da Toyota, que inaugurou duas lojas em São Paulo mas têm vendas bem modestas e carros com preços bem elevados.
Situação ruim lá fora
Acura e Infiniti não sofrem apenas no Brasil. Segundo um artigo da revista The Economist, as duas pagam caro pela falta de ousadia de seus donos, Honda e Nissan. Sem presença global, as duas dependem demais do mercado americano – a Acura não quis se aventurar na Europa até hoje.
O problema é que sem escala global, seus produtos se tornam mais caros e menos atraentes. E é uma má notícia para suas empresas-mãe já que o mercado de luxo oferece margens de lucro maiores que no segmento popular, onde é importante vender muito para ganhar algum dinheiro. Uma pena.