Era dia do meu aniversário e o presente não poderia ter sido melhor: participar de um rally de regularidade. Cada louco com a sua mania, como não tenho um off-road (ainda), não trocaria a oportunidade por nada, sem contar que seria com aquele jipe super fofo o Suzuki Jimny. Admito que entendo muito pouco de carro, meus critérios de avaliação são sempre estéticos, os carros podem ser bonitos, fofos, legais… Se você quer saber mais sobre o Suzuki Jimny, de quem realmente entende do assunto, recomendo a leitura do teste feito pelo BlogAuto que está no post Avaliação: Suzuki Jimny 2013 pelas trilhas de Campos.
O rally foi a última etapa do ano do Suzuki Adventure, que aconteceu em Guararema no interior de São Paulo, meu marido já contou a versão dele , do ponto de vista do motorista, e vou falar um pouquinho da experiência de uma navegadora de primeira viagem.
Suzuki Adventure: Navegadora de primeira viagem
Existe um preconceito de que as mulheres tem dificuldade para se localizar e confesso que não sou um exemplo que ajude a quebrar esse preconceito. Para completar tenho enorme dificuldade em definir rapidamente os lados direito-esquerdo, resultado dos dez anos dando aulas de ginástica de frente para turma, servindo de espelho, e falando tudo invertido. Imagine o que esperar de uma navegadora assim, mas o resultado foi surpreendente!
Foi uma experiência desafiadora para ambos, eu tinha plena consciência que meus pontos fracos eram qualidades essenciais para um bom navegador e para meu marido, amante da velocidade, dirigir em alguns trechos a menos de 20km/h seria uma missão quase impossível.
Briefing a parte mais importante
Chegamos na véspera, confirmamos a nossa participação no Suzuki Adventure e assistimos ao briefing completo (no dia seguinte aconteceria outro mais sucinto). Foi fundamental, pois por se tratar de uma categoria para iniciantes tudo foi minuciosamente explicado. Uma das dicas mais preciosas foi sobre um aplicativo para celular chamado Totem Nav que nos daria todas as informações necessárias.
Para quem nunca participou recomendo que ambos, piloto e navegador, assistam e prestem atenção, pois surgem inúmeras dúvidas e sempre um pode ajudar ao outro. Fiquei apavorada quando o rapaz da organização disse que usaríamos um cronômetro, caramba nós não tínhamos um cronômetro!!! Como faríamos? Até meu marido me lembrar que tínhamos um relógio de pulso digital, dois celulares e um tablet, todos com essa incrível função: cronômetro. Continuava o briefing:
– Neste ponto teremos um neutro, disse o rapaz da organização.
Olhei para meu marido com aquela cara: um o quê? A explicação veio em seguida.
– Um neutro é um ponto onde vocês ficarão parados.
– Ah! Entendi!
E assim foi com vários outros termos e expressões até que chegamos ao fim do briefing quando tratei de combinar com meu marido-piloto: pra cá é direita e pra lá, esquerda. Ele concordou, mas com aquela cara de que isso não iria funcionar.
O grande dia: meu primeiro rally
Quem vai de tênis branco para um rally? Pois é, já não havia como voltar atrás ou era o tênis branco ou um sapatinho tipo boneca. Jeans e camiseta do evento completavam meu look, o café da manhã do hotel mais parecia desjejum de colégio interno, todo mundo igualzinho (de tênis branco, só eu!).
Nos emprestaram um Suzuki Jimny amarelo, eu preferia o outro, rosa, mas pela cara do meu marido, achei melhor não insistir. O Suzuki Jimny, é super fofo, eu sei que já disse isso, e super colorido também, com onze opções de cores. Onze!!! Imagina quando eu for comprar o meu a dificuldade que será escolher. Sou libriana e fazer escolhas não é meu forte (mensagem para meu marido: sim meu amor eu preciso de um carro desses!).
Checamos se o carro estava ok, tudo funcionando e abastecido. O que é fundamental, imagine o combustível acabar no meio da prova? No meio do mato? Sim, minha neurose com tanques de combustível aumenta na proporção que o combustível diminui. Aguardamos pela vistoria com o pisca alerta ligado, pegamos nossa planilha (gente, a planilha é um caderno com 35 páginas! – típico espanto de principiante, que não contei nem para o meu marido) e aguardamos o horário da largada.
No dia anterior recebemos a Ficha de Acompanhamento do Suzuki Adventure, um papel com os passos que deveriam ser cumpridos para que pudéssemos participar, tudo minuciosamente organizado, o primeiro passo era a entrega dos cobertores (ingresso) e a última a retirada da planilha, após a vistoria, que verifica se os adesivos estão devidamente colados no carro. O nosso, como foi emprestado, estava prontinho, só colamos o número – 22.
Tivemos bastante tempo para nos organizar dentro do carro, colocando cada coisa no seu lugar para facilitar durante o percurso. Levamos três garrafas de água, arrumamos o cronômetro no tablet e no relógio digital, um celular no suporte do vidro com o aplicativo funcionando, a planilha e uma caneta. Tudo prontinho, aproveitamos para curtir aquele mar de carros que participariam daquela etapa do Suzuki Adventure, totalizando 133 veículos.
Chegou a hora da largada, anunciaram nossa categoria e pediram para que os primeiros carros se posicionassem para a saída. Era muita emoção, fomos o segundo carro a largar. O lado bom é que teríamos apenas um carro na nossa frente que pudesse eventualmente atrapalhar, o lado ruim eu já vou contar…
Faróis acessos, cinto de segurança colocado, planilha na mão e Rastro GPS* no vidro. Largamos. O primeiro trecho é de deslocamento, temos um tempo total para cumprir, mas não é necessário precisão. O trecho passa por dentro da cidade, tem farol, tem linha de trem, enfim, existem aspectos que não são possíveis controlar.
*Rastro GPS: É um sistema de rastreamento e auditoria de provas outdoor (Rally, Enduro, Corrida de Aventura). Em cada veículo é instalado um “Rastro GPS” que armazena à cada segundo, dados como Latitude, Longitude e velocidade instantânea (entre outras informações). Após o término da prova os dados armazenados pelo Rastro GPS são transferidos para um computador onde existe um programa já parametrizado que faz toda análise do trajeto.
O melhor dessa parte inicial é que podemos treinar a navegação e a interação entre piloto e navegador. Fizemos vários ajustes na forma que eu passaria as informações para meu marido, entendemos melhor o que estava sendo marcado no app do celular até chegar no primeiro neutro, de onde iniciaríamos os trechos que contavam pontos na regularidade.
Tudo corria bem, nossa interação era perfeita, mesmo com o vira pra lá, vira pra cá, no lugar de esquerda e direita. Passávamos pelo pontos com bastante precisão, até que algo ficou muito estranho. Os pontos de referência são, na maioria das vezes, próximos uns dos outros, algumas vezes estão praticamente juntos, com pouquíssimos metros de diferença. Ocorre que de repente não conseguimos identificar o ponto de referência, na verdade vários deles na sequência. Tínhamos nos perdido.
Paramos o carro, começamos a olhar a planilha e tentar entender o que acontecia, qual foi o último ponto de referência que identificamos e onde nós erramos. Pois bem, nós não erramos, a organização do evento errou. percebemos que faltava uma página na nossa planilha.
Continuamos andando sem muita noção de quanto tempo ou quantos metros haviam naquela página que faltava, na esperança de encontrar o próximo ponto conhecido. Acontece que nem tínhamos ideia se estávamos na direção certa e o único carro que deveria estar na nossa frente tínhamos ultrapassado fazia tempo, lembra que eu disse que ser o segundo a largar tinha um lado ruim?! Decidimos parar e esperar para ver se alguém aparecia, pelo menos saberíamos se estávamos na direção certa.
Enquanto esperávamos começo a olhar a planilha para verificar se faltava mais alguma página e descubro que estavam todas ali, só que em ordem trocada, algumas delas… Arranquei as páginas, coloquei na ordem e travei… Nesse momento brota uma situação que raramente eu vivo: começamos a brigar.
– Não acredito que você está brigando comigo no dia do meu aniversário. A culpa não é minha que as páginas estavam erradas.
– E porque estavam erradas você precisa travar?
E por aí foi uma discussão que pra mim durou horas, mas que aconteceu nos pouquíssimos minutos que nos separavam de quem vinha atrás de nós. Ele avistou um carro e foi em frente e eu enlouquecendo atrás de alguma referência no caminho para saber de onde continuar naquela planilha recém-organizada. Finalmente encontrei, estávamos novamente andando com navegação, mas muito atrasados. Conseguimos tirar o atraso, mas a primeira parte do rally já era, ficamos muito prejudicados.
Dica Ninja: cheque o caderno de navegação, verifique se está completo e se as páginas estão em ordem, antes de começar!
O rally passou por dentro de fazendas da região, embora não fosse possível prestar muita atenção no “passeio” a organização providenciou alguns neutros onde podíamos descer do carro e apreciar a paisagem, inclusive em um belíssimo restaurante, com tempo para comer alguma coisa e usar o banheiro.
Na segunda parte, entramos novamente na brincadeira, o clima dentro do carro era bem mais leve e nossa sintonia melhor do que nunca, conseguíamos passar com bastante precisão nos pontos marcados, o que nos rendeu a terceira colocação, nessa parte. O gráfico mostra como fomos regulares durante o percurso, o trecho com os picos mostram justamente onde tivemos o problema da planilha.
Retornamos ao ponto de partida, nosso Rastro GPS foi retirado para a apuração, participamos de um delicioso almoço e assistimos à premiação. Não fosse pelo ocorrido com certeza estaríamos no pódio! O mais importante é que a experiência foi super legal e nossa categoria era justamente para isso, para se divertir. Tem um pessoal mais experiente, na categoria PRO, facilmente identificados pela quantidade de equipamentos presos no vidro do carro!!! Para quem quer levar essa brincadeira a sério, recomendo ler sobre o assunto e até fazer um curso.
Veja também: Como trabalhar para uma fábrica de automóveis?
Como convidada, não iria causar, pelo erro ocorrido. Avisamos à organização e aproveitei a chance para pedir uma nova oportunidade, já que a primeira foi assim. Tenho como lema de vida que no fim, tudo sempre dá certo. E aqui não foi diferente, o erro da organização foi providencial para garantir um novo convite! Como nunca fui competitiva, o que curto é participar, viver a experiência, então aguardem, em 2014 tem mais, palavra da Suzuki!
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