Demorou um pouco, mas vamos completar agora a lista de marcas que visitei no Salão de Paris. A BMW, por exemplo, mostrou como destaque principal o novo Série 6 Coupé, que agrada mais que a geração anterior. Nem tem pinta de conceito, é verdade. Já o novo X3, meus caros, deveria se chamar X5 Light. Não tem nada a ver com o antigo.
Mini – Não tenho nenhuma dúvida que vai vender bem, mas o Mini Countryman faria o criador do Mini original ter convulsões. É muito elitista, brutão e sofisticado ao mesmo tempo, nada do espírito desencanado e minimalista que o compacto introduziu no mercado. E custa tanto quanto um ix35 completo. Não gostei. Já a Scooter E é brilhante, uma bela sacada.
Smart – Por falar em scooter, a futurista Escooter pode não ser tão bela quanto a inglesa Mini, mas a ideia é muito mais ambiciosa. Juntamente com ebike, uma bicicleta cujos pedais alimentam uma bateria, e o Smart elétrico, formam um trio bastante interessante para uso urbano. Gostei.
Mercedes-Benz – A sensação que tive ao ver o novo CLS é a que imagino que teve quem viu o Mustang perder o visual clássico na década de 70. Ou seja, pioraram um clássico. O design do CLS original já é, na minha opinião, um dos mais belos de todos os tempos. Já a nova geração perdeu todo refinamento do anterior: a frente é uma parede e as laterais, saltadas. É um outro caminho, mas tenho certeza que no futuro a primeira geração será celebrada e esta, esquecida. Não gostei.
Dacia – Torço desde já para que a equipe de design da Renault no Brasil mexa o máximo possível no Duster brasileiro porque o modelo da Dacia é de uma simplicidade gritante. Uma coisa é vender hatch e sedã compacto com plástico pra todo lado, painel básico e bancos com tecido mais barato. Outra é vender carro por preço de médio assim. Bom, vamos dar um voto de confiança, afinal a Dacia tem versões muito simples e outro público na Europa.
Nissan – Por falar em decepção,o Micra, futuro March no Brasil, tem forte vocação para figurante, a não ser que a Nissan faça um precinho camarada pelo compacto. Que ele é bem mais bonito que o anterior, isso é verdade, mas, também, este não era referência. A Nissan carregou nos plásticos, mas pelo menos o March tem bom espaço para a cabeça tanto na frente quanto atrás. A conferir.
Grupo Fiat-Chrysler – na turma da Fiat, a Jeep era a que mais tinha algo realmente novo, o Grand Cherokee. Design externo ok, mais refinado, mas sem perder a característica da marca. Já o interior é o mesmo jeitão de carro americano, com detalhes em madeira e traços retilíneos.
Além dela, a Alfa mostrou o belo Giuletta que em 2012 chegará ao Brasil, assim esperamos. Já a Ferrari exibiu a 599 Aperta, uma versão conversível da 599, legal, mas não a ponto de virar destaque.
Agora, curioso mesmo era o estande conjunto da Chrysler com a Lancia. A própria fabricante brincou com a ideia de um visual de quebra-cabeças, que será a união das marcas. Mas é um quebra-cabeças sem solução porque não tem nada a ver uma com a outra. Só a Fiat enxerga isso.
Lotus, Fisker, Tesla – em um dos pavilhões do centro de exposição Paris Expo estavam algumas marcas pequenas, mas curiosas. A Lotus, por exemplo, mostrou vários esportivos com propostas diferentes, mas design muito parecido. Destaque para o Eterne, o cupê de quatro portas. Só esperamos que virem realidade. As duas marcas americanas de elétricos estavam ao lado, a Tesla e a Fisker, a primeira com o Roadster e a segunda com o Karma. A Tesla, aliás, tem até concessionária em Paris, conforme vi no sábado. Já o Karma é um cupê maravilhoso, sinuoso e com largos para-lamas. Pena que todas as três limitavam a entrada de jornalistas nos estandes.
Toyota e Honda – marasmo é pouco para descrever o sonolentos estandes das duas japonesas. Na Toyota, a maior atração era um café sempre cheio porque os carros mal chamavam a atenção, mesmo o Verso reestilizado. A Honda, por sua vez, estava num pavilhão secundário e exibia apenas o Jazz híbrido isolado em meio a um monte de carros conhecidos.
Suzuki, Isuzu e Mitsubishi – as outras japonesas pelo menos tinham alguma atração. A Suzuki exibiu o Swift reestilizado, que continua um carro legal, além do feioso Kizashi. Sim, meus caros, o sedã médio dela é bem feinho visto de perto. Juro que esperava mais. Já a Mitsubishi estava lá com o ASX, crossover que chegará por aqui em 2012. O visual é legal, mas nada ousado se comparado aos coreanos. No interior, partida por botão e tração elétrica. Pouco. Agora, a Isuzu, a marca conhecida pelas picapes desenvolvidas em parceria com a GM, tinha com principal atração uma performance de striptease em sessões diárias!
Kia e Hyundai – Parece que a antipatia de uma pela outra não é só exclusividade nossa. Kia e Hyundai estavam localizadas em pavilhões diferentes e sem citar uma ou outra. A Kia exibiu o chatinho conceito Pop, mas o que atraía gente era o Optima, um sedã que impressiona pelo porte. O Sportage estava lá também, mas não como novidade. E dá para apostar que a Kia vai ficar feliz com ele aqui no Brasil. Seu visual é melhor que o do Sorento, só o interior que perde para o ix35.
Por falar nele, a Hyundai europeia mostrou sua linha Blue, que consome menos combustível e emite menos poluentes, mas a novidade foi o ix20, minivan compacta derivada da Kia Venga, ambas fabricadas no leste europeu e por isso vetadas para importação para cá. Agora o que não ficou claro é por que chamá-la de “ix” se não há nada ali que remonte à ideia de off-road. Mas é bonita.
Ausências – a Bugatti apareceu no evento externo da Volks um dia antes do Salão com o Super Sports, mas não deu as caras no pavilhão do grupo. Já a Aston Martin nem sinal, assim como as chinesas. Nem mesmo uma Chery cismou de mostrar que existe.