Em 2010, 9 mil pessoas morreram em acidentes de carro no Brasil. No mesmo ano, 12.400 americanos perderam a vida nas mesmas condições. O problema é que a frota de veículos nos Estados Unidos é cinco vezes maior que a nossa. Ou seja, morrem quatro vezes mais brasileiros no trânsito que americanos.
É só uma das constatações de um longo artigo da Associated Press publicado pelo site Huffington Post, dos EUA, analisando a situação dos carros brasileiros. Para ele, “os carros brasileiros são comprovadamente letais”.
A matéria se baseia nos crash-testes executados pelo Latin NCAP nos últimos anos que mostraram que os carros brasileiros de entrada feitos por aqui têm estrutura frágil e poucos itens de segurança. E atesta que as mortes estão crescendo, em contraste com a queda nos países desenvolvidos.
A resposta de algumas marcas consultadas pelo site é sempre a mesma: obedecem a lei brasileira. Algumas, como a Nissan, ainda disseram que o padrão de teste feito pelos NCAP foram diferentes como no caso do March, que no Brasil teve duas estrelas e na Europa, quatro. A afirmação foi contestada pelo diretor técnico do Global NCAP, que confirmou que o padrão é o mesmo.
Margem maior
A fragilidade dos carros brasileiros contrasta também com a margem de lucro que as montadoras instaladas têm em nosso mercado. Segundo a consultoria IHS, a margem de lucro global das montadoras é de 5% enquanto nos Estados Unidos é de apenas 3%. Já no Brasil, essa margem é de 10%.
E é um mercado que só tem a crescer, como diz a matéria. Nos EUA, já há um carro para cada habitante e aqui são sete pessoas para cada carro. Mais de 40 milhões de pessoas migraram para a classe média, o que torna o potencial de mercado enorme.
O artigo do Huffington Post também lembra que essas empresas aproveitam a legislação deficiente para lucrar e que a prática se repete em países como Índia, Rússia e China. “Airbags e ABS, por exemplo, só serão obrigatórios em 2014”, explica. Mas também reconhece que os custos são altos: “só o gasto com eletricidade equivale a 20% do custo do veículo”.
O site conseguiu entrevistar um engenheiro que hoje é fornecedor das montadoras, mas trabalhou por 30 anos em uma delas. Sob condição de anonimato, ele explicou onde as fabricantes economizam dinheiro e, ao mesmo tempo, expõem seus clientes a riscos maiores que em mercados desenvolvidos: “o segredo está na carroceria, são os pontos de solda”, diz ele.
Ele desenhou dois modelos para exemplificar: “Digamos que esse seja um modelo alemão. É muito sofisticado, nada está faltando”. E mostra o modelo nacional cheio de traços de tinta incompletos: “a versão brasileira tem a mesma aparência do lado de fora, mas estão faltando várias peças. O que interessa é a forma no exterior, o que está dentro ninguém vê”, conclui.
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Para o diretor geral da FIA, que comanda o Global NCAP, a situação do Brasil não é surpreendente: “vimos isso nos EUA na década de 60 e na Europa nos anos 90. A indústria automobilística só melhora seus produtos quando é pressionada. É uma coisa enlouquecedora”.
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E nada se faz.
Infelizmente somos vítimas desse maldito sistema brasileiro. Quem tem um puco mais de poder aquisitivo, consegue comprar importados.
Somos vítimas é do PT.
Na entrevista concedida à outro site, "Alejandro Furas, diretor-técnico do NCAP, afirmou que a culpa nunca deve ser repassada ao comprador, na verdade vítima sob qualquer ponto de vista. "O consumidor brasileiro não está acostumado a comprar carro usando a segurança como critério, mas não se pode culpá-lo, uma vez que do modelo básico e pelado ao topo da gama, já equipado com itens de segurança, a diferença de valores pagos pode variar entre 25% e 30%", diz o diretor do NCAP".
Esta culpa deve recair sempre sobre a montadora, ainda que possa ser dividida com o governo e com órgãos de trânsito, que no Brasil se omitem da obrigação de fiscalizar as condições de segurança dos veículos produzidos — a ponto de sequer manterem um laboratório público de testes em território nacional, situação indicada pelo texto do AP e confirmada ao site entrevistador pelo Furas. "Mesmo na Europa, onde os preços são mais justos, o consumidor não cobra segurança, obrigação que é do governo e das autoridades do sistema viário. No Brasil, como o Governo não cuida disso, as montadoras são negligentes e o consumidor fica sem ação", conclui.
Viva a Dilma que sobretaxou os importados para ninguém comprar e não ficar conhecendo o que é um carro de verdade, com segurança e conforto, com motores mais eficientes. Assim continuamos com nossas carroças. Em um país onde o carro mais vendido é o Gol pelado que facilmente chega aos R$ 40K. (preço de Honda Civic nos EUA). A culpa não é só do consumidor, é do governo e seus lobbys com as montadoras, que se perpetuam na terra das bananas com produtos para macacos…