Em nenhum modelo vendido no Brasil o aspecto emocional está tão claro quanto no Sandero. O hatch da Renault nasceu como uma versão com visual aprimorado do sedã Logan e teve uma carreira bem diferente deste. Enquanto o Logan teve vendas medianas e quase sempre viu gente torcer o nariz para seu visual pouco inspirado, o Sandero ousou vender tanto ou mais que modelos das quatro marcas tradicionais. Nem mesmo o tamanho mais avantajado do mercado de hatches explica esse abismo de vendas.
Guiar os dois é praticamente a mesma coisa, mas o estilo mais resolvido do hatch mostrou como esse fator influencia na mente do consumidor brasileiro. Mas, e agora, que os dois definitivamente viraram ‘irmãos’ na nova geração? O fato é que não vai dar mais para disfarçar esse parentesco. Para notar qual dos dois está chegando só esperando que eles exibam suas traseiras. Resta saber se o sedã vai subir ou o hatch irá cair. A Renault espera que ambos se ajudem e, pelo que evoluiu, a tendência é que a situação melhore.
Grandão
Meu contato com o novo Sandero 2015 foi com a versão 1.0 Expression, que usa agora o motor 1.0 16V Hi-Power, que estreou no Clio e é detentor do recorde de baixo consumo no Brasil. Maior, o Sandero não bate recorde de consumo, mas gasta pouco – durante o teste, com gasolina no tanque, ele beirou 10 km por litro de média.
Por mais que o antigo Sandero até agradasse aos olhos, sobretudo depois da reestilização, o novo é bem mais atraente e coerente nas linhas. Mas há uma certa familiaridade ao entrar nele. A maçaneta externa, por exemplo, só mudou o desenho, mas usa o mesmo mecanismo de antes. Dentro dele, o mesmo espaço interno generoso. Coincidência? Não, o novo Sandero 2015 usa a mesma base do antigo, mas passou por uma releitura de estilo feita pelo holandês Laurens Van der Acker.
Ou seja, continua grandão e imbatível nesse quesito. É como ter um modelo médio com preço de compacto. Mas isso já era um trunfo da antiga geração. O legal é que agora o Sandero não faz mais feio em outras áreas.
Direção pesada
O interior está mais aconchegante e ergonômico que antes, onde mal se viam os botões da ventilação. O Sandero, no entanto, ainda oferece um ambiente menos refinado que a maior parte da concorrência. O painel, por exemplo, é um ‘muro’: alto e reto, mas agora essa sensação de claustrofobia é amenizada pelo aplique de plásticos de texturas e formatos diferentes.
Algumas heranças continuam como o volante muito próximo do painel de instrumentos (o Sandero não tem opção de ajuste de profundidade) e a direção pesada, afinal a Renault manteve o sistema hidráulico em vez de evoluir para um elétrico. O câmbio manual também é o mesmo de antes, com seus encaixes apenas aceitáveis.
Media Nav: item obrigatório
Se até aqui o novo Sandero 2015 não lhe conquistou, então as novidades começam a surgir. A principal delas chama-se Media Nav. É uma central multimídia prática, simples e acessível. Mesmo sendo opcional é uma compra obrigatória afinal custa R$ 1.200 e traz GPS, Bluetooth, rádio e, de quebra, sensor de estacionamento. Com eles, o preço do Sandero 1.0 Expression (versão mais equilibrada) vai de R$ 34.990 para R$ 36.190.
Vale a pena comprar o Sandero 2015?
Se você não procura um carro tão refinado, sim. O Sandero é um dos carros mais completos dessa categoria. Por R$ 35 mil você já leva ar-condicionado, travas e vidros elétricos e direção hidráulica. O novo Ka, por exemplo, traz um pouco mais de itens – já vem com Bluetooth – e tem direção elétrica, mas é menor. O Onix, o hatch mais vendido para pessoas físicas, oferece menos equipamentos e é mais caro. Já o HB20, o mais refinado deles, custa o mesmo que o Sandero 1.0, mas sem vidros, travas e Bluetooth.
Qual versão eu compro?
O Sandero tem três versões: Authentique, Expression e Dynamique. A primeira custa R$ 29 mil e só traz direção hidráulica e a última usa motor 1.6, mas poucas coisas a mais que o Expression 1.0. Ou seja, por R$ 35 mil ele é uma boa pedida, exceto se você se preocupa demais com desempenho e vai sempre rodar carregado.
Não gostei: qual opção levo em consideração?
Se você procura espaço, o novo Ka e o Onix podem ser alternativas. Já se quer um carro moderno e mais prazeroso de dirigir, experimente o HB20, da Hyundai. Opção barata, mas mais fraca de motor é o New March, da Nissan.
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