A bola foi levantada por alguns jornalistas, entre eles o Joel Leite: as marcas abusaram dos emplacamentos por laranjas em dezembro para fechar 2010 com números mais belos e inflados. Pois basta olhar os números de vendas de janeiro para constatar que a prática, vergonhosa, diga-se de passagem, se proliferou mesmo.
O Gol, por exemplo, acumulava pouco mais de 18 mil unidades até esta quarta, dia 26, contra quase 30 mil em dezembro. Com o Uno a coisa é pior ainda: de 28,4 mil o Fiat mal passou de 13 mil até agora. Mais abaixo da lista, o City saiu de 4,2 mil para 1.628 unidades. Vejam mais alguns exemplos, um por marca:
Ford Fiesta – de 10.956 para 5.131
Chevrolet Celta – de 16.297 para 6.406
Renault Sandero – de 7.568 para 2.673
Hyundai i30 – de 3.966 para 2.351
Peugeot 207 – de 4.111 para 1.719
Citroën C3 – de 4.161 para 2.388
Kia Cerato – de 1.601 para 970
Nissan Livina – de 1.807 para 750
Como se vê, não foi uma atitude isolada, todo mundo resolveu “queimar a largada”. O resultado disso é a desmoralização dos emplacamentos como medida de sucesso de um veículo.
A ironia disso tudo é que as montadoras resolveram adotar os dados de registro do Renavam como ranking oficial depois que algumas marcas, como a Hyundai, inflaram suas vendas no atacado (da distribuidora para a concessionária) para parecerem melhores do que eram. Isso no começo da década passada. Como se vê, elas mesmas não aguentam competir de maneira isenta.