Carlos Ghosn, o brasileiro que comanda a Renault-Nissan, está na sua terra natal. A visita é marcada por várias ações, como vocês verão nos próximos posts. Palestras, homenagens, acordo para uso de carros elétricos pela Prefeitura de São Paulo e o lançamento do Logan 2011 com visual reestilizado.
Ghosn, no entanto, tem uma missão espinhosa: convencer nossas autoridades a oferecer incentivos fiscais para os carros elétricos que, segundo ele, são um futuro certo nos principais mercados do mundo.
Em entrevista ao jornal Valor, o executivo foi taxativo: “sem ajuda oficial carro elétrico é inviável”. Tudo por causa do alto preço das baterias de lítio. Não que seja um material tão raro assim, o problema é que quase não há exploração hoje – Argentina e Chile estão entre os maiores produtores. E a maior reserva do mundo está – adivinhem – na Bolívia de Evo Morales. Não precisa dizer mais nada.
Para tornar viável o carro elétrico, é preciso, segundo Ghosn e outros especialistas, criar uma nova indústria em torno desse veículo, por isso os benefícios, para que haja demanda suficiente a ponto de baratear o custo.
Países como Estados Unidos, Japão e França já se conscientizaram disso e oferecem descontos para quem compra o automóvel elétrico, mas o Brasil tem tudo para tornar-se a última fronteira do gênero. Com a falta de planejamento do setor elétrico, os apagões e existência do etanol como combustível certamente o uso de carros elétricos não será prioridade de governo algum.
No ano passado, perguntamos a alguns executivos do setor quando teríamos um veículo desse tipo aqui e as respostas foram parecidas: o etanol atrasará muito qualquer iniciativa.
Há de se reconhecer que temos uma vantagem estratégica com o etanol, mas de nada adianta dormiu sobre os louros dessa tecnologia enquanto o mundo se transforma. O ideal era que tivéssemos um mercado pequeno desse tipo de veículo para desenvolver nossa indústria para que não tenhamos tanto atraso quando a tecnologia se popularizar. Caso contrário, o carro elétrico será visto no Brasil apenas nos campos de golfe.