Imaginem que não iríamos emendar uma lista dos piores logo depois da lista dos mais legais. E Genebra estava cheia deles. Teve caso até de polícia: o SUV da Bentley foi hors concours, para usar um termo local. São casos de negligência pura no departamento de design, assim como ocorreu com a Multipla, da Fiat. Algum mensageiro confundiu a pilha de projetos aprovados com a dos desaprovados e fez-se o caos. Mas vamos aos indicados:
Aqui a crítica não vai para o carro em si, que tem soluções legais para um produto barato, mas para a péssima ideia de ressuscitar o vidro traseiro fixo, aberto apenas na parte traseira, numa reedição do Fusca. Enquanto outros compactos tentam ficar mais sofisticados a Volkswagen vai na direção contrária, cortando custos? Lamentável.
O visual, desenvolvido no Brasil, é bacaninha, o interior tem melhorias em relação aos seus irmãos, mas não dá para acreditar que a Renault vá oferecer o Lodgy como substituto do Scénic. É como trocar presunto parma por apresuntado.
A coisa já começou errada para mim quando descobri que a Fiat considera o 500L um crossover meio SUV. Hã? Essa minivan aí de cima? Depois, ao vê-la na minha frente, tomei um susto. É muito maior que um 500 atual que já é enorme se comparado ao Cinquecento original. Para fechar, ela não tem nada em comum com o 500, ou seja, “é um visual bonitinho que vocês querem? Então toma”. Acho que usou o nome “500” em vão.
E o Civic 2012 ganhou um amigo do peito. A Mitsubishi também achou que voltar atrás em matéria de design é uma boa ideia. “Vamos ser conservadores já que os clientes estão apenas preocupados com seus bolsos e com o planeta Terra”, devem ter pensado. Uma pena porque o atual Outlander merecia ter um sucessor que superasse seu estilo. Fica para a próxima.
A Hyundai é esperta, só pode ser isso. Se esse conceito antecipa seu futuro DNA ou as linhas estão disfarçadíssimas ou é um golpe para enganar a concorrência. O i-oniq é feio de doer ao vivo. E vale fazer um mea-culpa. Não iria incluir conceito porque são esquisitos por natureza, mas não consegui ignorar esse.
Tá bom, tá bom, eu disse que não faria isso, mas não teve jeito. Quando passei na frente do estande da Valmet pensei “quem fez isso aqui no chão?”. O Dawn (mas poderia ser ‘down’ de tão baixo astral) é a coisa mais feia do salão, o que exclui os carros. Seus criadores nunca foram ao Brasil porque eu queria vê-los passar por uma lombada com isso.
Entra salão, sai salão, eu tento entender as razões de Walter de Silva, o poderoso chefão do design do grupo VW. O cara criou o Alfa Romeo 156, então não pode ser tão sem sal. Mas é só ver a mesmice (até esse blogueiro entrou no ritmo ao repetir esse assunto milhares de vezes) da linha da Volks e da Audi para voltar aquela sensação de incompreensão. Mas eis que surge o CrossCoupé, um conceito que deve antecipar algum crossover da marca e…sabem que pensando bem, bem mesmo, até que os carros atuais são bem legais…
Eu sei, já era previsível. O “EXP 9 F” é horrendo até para uma marca chinesa do naipe da Dongfeng. Vai ver a Volks já previa algo de ruim no ar quando nem nome deu para o carro. Mas não é um carro qualquer. É um Bentley, uma marca que deveria zelar pela sua imagem. Pior: além de horrível (me fez buscar a Rural Willys como referência mais próxima), ele é brega ao extremo. Os detalhes dos talheres no porta-malas e o excesso de coisas brilhando…, bom, é melhor parar por aqui.