Depois de pouco mais de seis anos no mercado, a Renault lançou nesta semana o “novo Logan“, sedã que meio que salvou a marca de uma situação ruim na Europa e em algumas partes do mundo. O modelo foi a maior sacada que a empresa teve nos últimos tempos e parece até que foi sem querer. Para quem não se lembra, ele nasceu para aproveitar o fim da “Cortina de Ferro” no Leste Europeu e serviu como opção para as famílias desses países trocarem seus Ladas e Trabants por um veículo robusto, espaçoso e barato, mais uma vez o BlogAuto acertou este lançamento, veja aqui.
Mal sabia a Renault que o produto da Dacia (a marca romena que o criou) encontraria clientes em diversas partes do mundo. E, assim, ele acabou sendo produzido em outros mercados sempre com bom custo-benefício até que chegou ao Brasil em 2007.
Mas, afinal, por que esses aspectos racionais não falaram mais alto aos ouvidos do consumidor brasileiro? Porque aqui design é primordial, como se sabe. A confirmação disso veio algum tempo depois com o Renault Sandero, um Logan hatch, mas de visual repensado. Resultado? Sucesso. O Sandero hoje vende como modelo de marca grande aqui, embora seja na essência o Logan.
Pois bem, quando chegou a hora de renovar a dupla, a receita estava clara: manter a base mecânica e tornar o Renault Logan atraente. A tarefa ficou mais fácil nas mãos de Laurens Van der Acker, o design-chefe da Renault. Profissional de imenso talento, o holandês praticamente retocou as formas do velho Logan para criar esse carro das fotos.
É impressionante ao vivo. Olhando os dois modelos ao mesmo tempo, dá para perceber que a carroceria teve o capô levemente encurtado para ganhar um para-brisa mais inclinado e curvado. Na traseira, Van der Acker suavizou um dos pontos mais feios do Logan, a caída atrás da porta traseira. É coisa de milímetros mas suficiente para acabar com aquela ponta. Para completar, aplicou-se por fora o atual design da Renault, que é o melhor dela em muitos anos.
Por dentro, outra mudança importante. Agora o Renault Logan 2014 não briga mais com a ergonomia. O painel como um todo está mais elevado e a posição de dirigir, mais natural – antes você mal enxergava alguns botões na parte inferior do console central.
Como era esperado, a marca francesa também equipou o Renault Logan 2014 com vários itens hoje requisitados pelo cliente, entre eles controle de cruzeiro, ar-condicionado automático (mas não digital), sensor de estacionamento, comandos satélites no volante e central multimídia que, aliás, é das mais fáceis de usar do mercado.
Mas as novidades praticamente param por aí porque o Renault Logan 2014 é, na essência, o mesmo carro de antes. As medidas são quase idênticas, o que é positivo em relação ao espaço interno e porta-malas (que continua com 510 litros). No entanto, o Logan continua a ter um acabamento simples, com plásticos mais agradáveis, mas que nem de longe passam a impressão de conforto.
Outro problema: as novidades são opcionais na maioria ou, estão disponíveis apenas a partir da versão intermediária, Renault Logan 2014 Expression (com preço de R$ 33.990 para o 1.0 e R$ 39.440 para o 1.6) . A Authentique (R$ 28.990), de entrada, parece outro carro. Reparem nos dois painéis acima. O de cima é do Dynamique (R$ 42.100), o top, e o debaixo, do Authentique. É muita disparidade.
Sem graça ainda
Uma certa decepção bate também ao dirigir o novo Renault Logan 2014. A parte mecânica é o aspecto que menos evoluiu. A direção, hidráulica, continua pesada, assim como a alavanca do câmbio manual. Exceção é a suspensão que, recalibrada, ficou mais confortável e silenciosa. Mas nem isso torna a direção do sedã agradável. Os motores são velhos conhecidos da Renault, o 1.0 litro 16V e o 1.6 litro com oito válvulas. São bons motores, é verdade (o “popular” respondeu bem nas retomadas), porém, hoje espera-se por blocos leves e de três cilindros.
Outro ponto que esperava mais era o do cuidado com detalhes, mas a Renault não se importou em esconder parafusos e o trilho dos bancos dianteiros, que ficam expostos entre os bancos. Coisa simples que pode ser corrigida.
Em suma, o novo Renault Logan 2014 é velho Logan repensado, ou “Reloaded”. Talvez por isso a Renault não espere muito aumento nas vendas (expectativa de 3,5 mil unidades/mês). O modelo continuará sendo uma alternativa barata para famílias que precisam de espaço e estão saindo dos Clios, Celtas, Palio ou mesmo Sienas e Classics. E também para taxistas e frotistas, como confirmou um executivo da empresa para o BlogAuto.
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Mas é fato que agora o Renault Logan 2014 será apenas mais um sedã popular grandão e não mais o patinho feio do mercado. Esse título ele passa com orgulho para o Etios, da Toyota.
Galeria Renault Logan 2014
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