O jornal Financial Times publicou um artigo interessante nesta semana em que observa que a esperada “seleção natural” dos fabricantes de automóveis acabou não ocorrendo. Segundo essa regra darwiniana, só os fortes sobreviriam, porém, graças à ajuda dos governos, tivemos apenas um “afogado” nesse “naufrágio automobilístico”, a Pontiac.
Todas as outras marcas ameaçadas encontraram novos interessados ou, então, sobrevivem com enormes quantias de dinheiro público. Nos Estados Unidos, a GM e a Chrysler foram protegidas pelas concordatas. Algumas marcas da GM já estão em negociação com novos donos, caso da Saab, Saturn e Hummer. A Chrysler, por sua vez, toca sua associação com a Fiat.
Na Europa, a Opel, também da GM, está nos braços da canadense Magna, e já anda recuperando suas vendas devido ao estímulo do governo alemão para compra de carros novos.
Somente a Pontiac teve a vida interrompida. Grupos como a Volkswagen, PSA e Fiat ensaiaram namoros com outras empresas, mas tudo está muito devagar.
Diferentemente de outros setores, como o de telecomunicações e o bancário, a indústria automobílistica mantém uma aura de santidade em político nenhum se arrisca a tocar. Como disse o jornal FT, uma seleção natural fortaleceria empresas, reduziria custos e, teoricamente, ofereceria melhores produtos graças à concorrência. Mas os argumentos de desemprego, queda no PIB e o orgulho nacional ferido têm falado mais alto nos ouvidos dos governantes das nações ricas. Quem diria, logo eles que sempre clamaram pelo livre comércio…