Mistério desfeito e os leitores Ricardo Veras e heliofig acertaram: a Mitsubishi lançou hoje a Pajero Dakar, nada mais do que o que deveria ser a nova Pajero Sport, derivada da picape Triton. Mas, ao contrário, desta, o utilitário esportivo, por enquanto será apenas importado e os preços são bem mais altos do que sua irmã – R$ 152 990 para a versão manual e R$ 159 990 para a versão automática. Ambas usam o motor turbodiesel 3.2 com 165 cv.
Da mesma forma que fez com a L200 Triton, que ocupou um espaço acima da L200 Sport, a Mitsubishi “encaixou” a Dakar entre a Pajero Sport e a Full. Enquanto a primeira custa entre R$ 110 000 e R$ 120 000, a segunda sai a partir de R$ 182 990 na versão diesel com o mesmo motor da Dakar.
Com isso, a marca ocupou um “degrau” que faltava segundo ela nos disse hoje na coletiva. Bem, pareceu que a Mitsubishi leu nossas mentes na época do lançamento da Pajero Sport Flex há algumas semanas. Apesar de todo o apelo 4×4, essa Pajero tem um ar ultrapassado demais. É só reparar no interior da Pajero Dakar, muito mais apropriado para os tempos atuais.
A marca japonesa quer competir com a Hilux SW4, da Toyota e até com o Discovery 3, da Land Rover. Para isso, a Dakar tras bons equipamentos como airbag duplo, ar-condicionado com regulagem de temperatura, rádio com CD Player MP3 e Bluetooth embutido, e sete lugares, dois deles rebatíveis. A tração oferece quatro modos de direção – 4×2, integral, 4×4 com bloqueio do diferencial e 4×4 com reduzida. Ou seja, além dos recursos tradicionais, a Dakar pode utilizar a tração 4×4 também na estrada para dias chuvosos ou com pista escorregadia.
O computador de bordo, mostrado na tela azul do console central, é bem completo, com indicações não só de consumo e viagem, mas também bússola, altímetro e barômetro – uma curiosidade é o modo de calibrar o sistema, sendo preciso fazer círculos com o SUV para que a bússola funcione com mais precisão. A tarefa não é das mais difíceis já que o diâmetro de giro da Dakar é bem reduzido – apenas 5,6 m, quase metade do que faz um Palio, por exemplo.
Na pista e na terra com a Pajero Dakar
Dirigimos o veículo num trecho de 40 km com vários tipos de terreno e grau de dificuldade. Até mesmo na encosta de um morro com difíceis ângulos de entrada e inclinação lateral. O comportamento é bastante seguro, sobretudo no modo 4HLc, em que o diferencial está bloqueado e a tração é distribuida entre as rodas esquerdas e direitas.
A Dakar é muito mais confortável que a Pajero Sport, obviamente, e vale destacar a posição do bancos mais altas que cansam menos em viagens mais longas. O acabamento é satisfatório, mas a Mitsubishi estranhamente não oferece ajuste de altura no banco do motorista nem regulagem de profundidade no volante.
O câmbio testado foi o automático com opção sequencial. Com 4 marchas e sistem INVECS-II a transmissão se adapta ao estilo do motorista, o que pode ter explicado as opiniões conflitantes sobre as respostas do modelo – houve quem achasse bom e quem percebeu uma certa lentidão do veículo. O fato é que o motor diesel não apresenta a disposição costumeira em saídas mesmo com 38,1 kgfm de torque. O test-drive, contudo, foi curto para chegar à uma conclusão mais clara.
Japonês que pode virar brasileiro
A Mitsubishi pretende vender 300 unidades por mês da Pajero Dakar, volume superior ao que vende hoje a Pajero Sport (200 unidades) e menos do que emplaca a rival SW4. O modelo tem carisma, o padrão de acabamento é bom, mas alguns itens ausentes nos causaram estranheza na versão única à venda. Estamos falando dos airbags laterais, por exemplo, e dos freios traseiros a disco. A Dakar só oferece airbags frontais e tambor na traseira.
Se tiver boa aceitação, a Dakar pode ganhar novas versões e até mesmo ser montada no Brasil, como outros membros da família. Por falar nisso, a Mitsubishi deixou claro que teremos novos encontros em breve: a previsão é de duas ou três novidades até o final do ano, entre elas a L200 Flex.
Ficha técnica completa do Pajero Dakar