Acabei de entrevistar um especialista em comércio exterior do setor automotivo e ele confirmou que a medida do governo que cria uma burocracia maior para importação de veículos vai afetar as vendas. “Não há como evitar”, disse Alexandre Lira de Oliveira, da Lira & Associados.
Ele, no entanto, confirmou que a medida foi tomada para retaliar a Argentina mesmo: “a redução da importação de outros países é um efeito secundário, mas útil para frear a entrada de automóveis do exterior”, disse Oliveira. “Mas o objetivo é forçar a Argentina a voltar à mesa de negociações”, completou.
Segundo ele, não é a primeira vez que os argentinos tomam atitude semelhante: “em 2009 foi parecido e a Argentina desistiu assim que o Brasil contra-atacou”, explicou o consultor.
Se não chegarem a um acordo, entretanto, vamos ter problemas para importar carros. Antes as empresas embarcavam os carros para cá e precisavam apenas dar entrada numa declaração de importação alguns dias antes dos navios ou cegonhas chegarem ao país. Agora, antes disso é preciso dar entrada na licença e esperar. Segundo um membro do governo ouvido pela Folha, “os produtos de outros países levarão de 10 a 20 dias para serem liberados enquanto os argentinos ficarão os dois meses”, que é o limite estabelecido pela OMC.
Mesmo que isso leve uma semana, já complica o planejamento das marcas que precisava encomendar lotes com quase seis meses de antecedência. Se os carros chegarem e a licença não estiver pronta haverá custo para mantê-los em pátios nos portos ou nos entrepostos das fronteiras.