Durante a apresentação da JAC Motors nesta terça-feira, meu sentimento era de inconformismo. Como uma marca desconhecida vinda do outro lado do mundo e cuja linha de produtos não tem mais que 10 anos consegue planejar vender 35 mil unidades no Brasil e nós não temos a capacidade de ter uma mísera marca nacional? Veja bem, não sou contra a JAC ou qualquer estrangeira – o brasileiro merece ter opções de compra, mas como os chineses que mal entenderam o capitalismo e ainda permanecem sob um regime socialista moderninho criam uma dúzia de marcas locais e já saem pelo mundo com planos expansionistas?
Já toquei nesse assunto recentemente, mas não custa repetir: temos mais conhecimento, tradição e preparo para lançar uma montadora nacional, mas não o fazemos. Nem mesmo uma estatal “Autobras” patrocinada pelo presidente Lula surge por aqui. E a ironia é que dos 10 maiores mercados de automóveis o único a não ter um representante local somos nós. Literalmente, a casa da mãe Joana…
Mas há esperança e ela renasceu neste sábado, dia 12, em Joinville. A TAC, Tecnologia Automotiva Catarinense, lançou oficialmente o Stark, o estiloso jipe mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo de 2008. Claro, a ambição da TAC é bem modesta até aonde se sabe – apenas montar o modelo em baixa escala de produção -, mas não deixa de simbolizar que há gente, sim, visionária e capaz de criar veículos no país.
Não que nos esquecemos de marcas como a Lobini e seu esportivo H1, mas sua produção é quase de um fora de série. O trabalho da TAC, ao contrário, lembra o da Troller, mas com capacitação técnica maior que contou até com desenvolvimento virtual e mais de 38 mil horas de ensaios.
Aliás, ao contrário do bravo T4, o Stark possui painel e carroceria próprios – um dos itens que fogem a isso são os retrovisores, emprestados da Palio Adventure. A escolha do motor também é bem interessante: nada de MWM, como é feito normalmente. Em seu lugar, a TAC foi buscar o Multijet da FPT, um turbodiesel com 2.3 litros intercooler common rail com 127 cv de potência e 30,7 kgfm de torque.
A TAC promete entregar o primeiro lote de produção este mês para os primeiros clientes que adquiriram o modelo no Salão do Automóvel. O preço, bem mais alto que o do Troller, é de R$ 98 780. Com tantas isenções de impostos não custaria nada se o governo deixasse de onerar iniciativas como a dos catarinenses.