Tem gente que admira seu trabalho e quem torce o nariz, mas não dá para negar que Sergio Habib é um empresário ousado. Basta ver o trabalho que ele e sua empresa, SHC, desenvolvem nos últimos meses para lançar a marca JAC no Brasil. Passo a passo, a empresa começa a surgir no horizonte e já pode ser considerada a mais ambiciosa marca chinesa a desembarcar aqui.
Mesmo a Chery, que até agora é a mais bem-sucedida delas, não chegou aos pés da JAC em matéria de organização. A estratégia foi bem pensada: primeiro, Habib apresentou a JAC aos jornalistas em 2009, muito tempo antes do lançamento oficial. Depois se associou à Abeiva, a entidade que reúne as importadoras. Mais tarde, os primeiros modelos da JAC começaram a circular pelo país, causando curiosidade. O site da marca já está no ar há muito tempo e agora já fala com clareza quais modelos chegarão e o que trarão. E, para fechar, a JAC estreará no Salão do Automóvel e já iniciou até contagem regressiva para começar a vender seus carros: 11 de março de 2011, sexta-feira, após o Carnaval, chamado por ele de “Dia J”.
Essa é a parte visível, mas os mais atentos devem ter notado algumas das 50 concessionárias que a JAC abrirá logo de cara, algumas vizinhas de suas lojas da Citroën, na qual é o maior distribuidor ainda. Não é brincadeira começar com meia centena de lojas, todas com um padrão visual. A sacada lembra o início da companhia aérea Gol. Constantino Júnior, seu proprietário, sabia que não conseguiria enfrentar na época TAM e Varig com apenas um ou dois aviões. Era preciso ter um mínimo de aeronaves para criar uma rede de conexões e boas frequencias. Habib parece ter seguido o mesmo princípio. Você confiaria numa marca que tem uma dúzia de concessionárias, todas em São Paulo, por exemplo? Claro que não. Agora, saber que há representantes nos principais pontos do país é o mínimo que se faz para quem quer ter sucesso.
E Habib, com todo seu orgulho, certamente não quer passar vexame com os chineses. Escolheu uma marca que nunca havia sido citada no Brasil cujo nome nem lá é muito “sonoro” e o símbolo lembra demais a estrela de cinco pontas da Chrysler. Ainda assim, ele disse que se trata da melhor marca chinesa em qualidade e que tem design próprio, ao contrário da maior parte delas.
É verdade que o estilo do J3, do sedã J3 Turin, do médio J5 e da minivan J6 não chegam a encher os olhos, mas também estão longe de serem feios. Se os preços forem atraentes, talvez Habib consiga cumprir sua meta de vender 3 mil unidades por mês, mas ele já nos disse em 2009 que não venderá carros tão baratos quantos os outros chineses.
Apesar de ser representante de marcas de prestígio como Aston Martin e Jaguar, foi na Citroën que ele obteve sua maior vitória: transformou uma marca comum em premium, algo que nem na França existe. Fazer da JAC uma marca premium chinesa não é lá uma coisa muito fácil de se imaginar, mas na visão de Habib, o Carnaval de 2011 deverá continuar depois da quarta-feira de cinzas.