A JAC será vizinha da Ford. A montadora chinesa revelou hoje que sua fábrica brasileira ficará em Camaçari, na Bahia, mesma cidade onde está a unidade da Ford que faz o Fiesta e o EcoSport. Sergio Habib, dono do grupo SHC, representante dos chineses, diz que está negociando ainda com o governo, mas tudo leva a crer que o negócio já está resolvido.
A notícia contradiz a informação anterior, que dizia que Habib tinha “reservado” um espaço em Pernambuco, nos mesmos moldes da Fiat. Aliás, ao contrário da Chery, o investimento na fábrica da JAC será feito principalmente pelo empresário brasileiro, num montante próximo a R$ 720 milhões (de um total de R$ 900 milhões).
Por falar em Chery, a marca também ratificou a decisão de levantar sua fábrica em Jacareí ontem. A verdade é que não há caminho de volta para elas. O mercado brasileiro é muito forte e crescerá bastante e não dá para ignorá-lo.
Temos que lembrar sempre que não há “mocinhos” nessa história. Qualquer empresa visa o lucro – até mesmo as “socialistas” chinesas – e basta ver uma oportunidade para aproveitarem ao máximo. Até antes do aumento do IPI, não só as tradicionais estavam ganhando muito como também as importadoras. A diferença é que estas últimas podiam oferecer produtos mais equipados já que sua margem de lucro aumentou por conta da valorização do real.
Na visão desses grupos empresariais, a “festa acabou” para a turma nova já que os “veteranos” como Fiat, VW, Chevrolet e Ford, andavam perdendo participação e, como em toda “faculdade”, eles é que “mandam”, como ficou claro após a medida do governo. Mas não significa que Hyundai, Kia, Chery, JAC e as importadas de luxo deixem de gostar do Brasil. Certamente, quem tem real interesse no nosso mercado vai se dedicar a atingir um mínimo de conteúdo local em seus modelos desde que isso signifique lucro.
Como já dissemos diversas vezes, teria sido possível obter o mesmo efeito reduzindo impostos de produtos mais sofisticados e equipados, além de outra vantagem que seria tornar o carro brasileiro competitivo para exportação. Mas para que pensar no consumidor, esse é apenas um detalhe, parafraseando o Carlos Alberto Parreira.