Estivemos nesta terça em visita à fábrica da Honda, em Sumaré. A montadora queria mostrar os investimentos feitos nos últimos tempos como o setor de fundição e usinagem e a nova área de injeção e pintura plástica. Hoje, a Honda tem capacidade de produzir 650 carros por dia e quer fechar o ano com 151 mil unidades saídas da unidade de Sumaré.
Depois de percorrer toda a linha de produção, participamos de uma entrevista coletiva com o vice-presidente da empresa, Issao Mizoguchi, e o diretor da fábrica, Carlos Eigi. Como era de se esperar, os japoneses evitaram ao máximo confirmar algum produto ou estratégia.
Até mesmo sobre Sumaré as respostas foram ambíguas: para uns a unidade pode produzir até 240 mil carros/ano, já para o vice-presidente, caso a Honda decida fabricar um compacto no Brasil será preciso outra fábrica “assim como a Toyota está fazendo em Sorocaba”, disse Mizoguchi.
Perguntamos na coletiva se a Honda pretendia entrar no segmento compacto assim como a Toyota. O executivo negou: “fazer carros compactos só é bom para aumentar o market-share e isso não nos interessa”. Mas depois, numa conversa mais reservada, perguntei se o conceito “New Small Concept“, revelado no Salão de Nova Delhi, teria potencial no Brasil: “sem dúvida, nos interessa, mas precisamos aguardar a decisão da matriz”, disse Issao. “Mas, para fazer um carro assim precisamos de outra fábrica igual a Sumaré”, completou.
Novo Civic em 2012
O vice-presidente da Honda também respondeu outra pergunta do Blogauto, a respeito do novo Civic. No início da entrevista, Issao reconheceu que o City tirou vendas do Civic, mas que isso já era esperado. “O Civic já está entrando no fim da sua vida útil e seu apelo já não é mais o mesmo. O City veio para manter esses clientes na marca”, explicou.
Daí perguntei, então, qual seria a vida útil dessa geração já que ele mesmo reconheceu que o carro perdeu um pouco do encanto. Issao não deu uma data, claro, mas garantiu que ele segue a regra dos seis anos das outras gerações. Ou seja, sai de linha em 2012. Até lá, o Honda segue lutando por um bom lugar no ranking, mas sem forças para liderar como fez até agora.
Quanto ao motor 2.0, os dois executivos negaram veementemente. “Já temos o 2.0…no Civic Si”, brincou Carlos Eigi.
Sobre o Accord, que anda caindo pelas tabelas nas vendas, Issao explicou que o problema é o câmbio. O sedã vem do Japão e o valor do ien está proibitivo. “Se o cliente quiser, pode encomendar o Accord, mas terá de esperar três meses até ser entregue”, disse.
Essa teórica acomodação da Honda não condiz, no entanto, com o volume de investimentos que ela fará nos próximos anos. Até 2013 a meta é produzir 180 mil carros em Sumaré em apenas dois turnos – hoje são feitos 150 mil em três turnos. O valor investido é de cerca de US$ 1 bilhão, muita coisa apenas para modernizar as linhas e instalar robôs na fábrica. Certamente, a montadora já sabe o que fará no segmento compacto, afinal se ela não se aventurar por aí ficará estagnada e vendo a concorrência superá-la.