Quem não leu os jornais desta terça-feira é melhor tomar um anti-ácido porque a informação a seguir vai dar dor de estômago. Depois de todo teatro que fizeram para sensibilizar o governo que estão sofrendo apesar das vendas recordes, as montadoras associadas a Anfavea não querem se comprometer em investir em tecnologia para poder gozar de alíquotas de IPI mais baixas, conforme plano lançado pela presidente Dilma há algumas semanas.
A ideia original previa um incentivo para que as fabricantes investissem em inovação e em produção local de peças. Tudo isso para modernizar nosso parque fabril e torná-lo mais competitivo. Mas, como se vê, a Anfavea não está interessada em melhorar os carros e sim em barrar a chegada dos concorrentes asiáticos, sobretudo coreanos e chineses, a quem ela acusa de concorrência desleal.
Segundo matéria do jornal O Estado de São Paulo, o governo pensa em desistir de reduzir o IPI já que as montadoras não querem se comprometer com metas de investimento. Preferem que o IPI fique igual para elas, mas que suba para as marcas que não têm índice de nacionalização alto ou que importe seus carros.
Em suma, além de barrar a chegada de carros mais modernos, a Anfavea quer que os consumidores continuem comprando “carroças” nacionais sem um pingo de investimento.
O governo também se tocou – aliás, com imenso atraso – que reduzir IPI delas só aumentaria suas margens de lucro que, acredita-se já sejam altas, embora neguem veemente.
Gozado que toda essa discussão ignora o principal: carros melhores e mais baratos. Ninguém dá a mínima para o que o consumidor pensa, apesar de este “ajudar” as marcas ao comprar cada vez mais carros novos mesmo por preços abusivos.