Tem gente que comemora, mas o mais indicado para a situação seria acender algumas velas de sete dias: o Golf nacional chegou a marca de 500 mil unidades produzidas. Seria motivo de felicidade caso o hatch estivesse na 6ª geração, até mesmo na 5ª, mas não. Nosso Golf, em que pesem toda a excelência de construção e de dirigibilidade, é um carro do século 20, lançado aqui com pompa em 1999, mas que em 2007 deu o tom do atraso.
A Volkswagen, em vez de promover uma virada, resolveu enxertar alguns traços do estilo da marca na época e só. Lá se vão mais quatro anos com o mesmo carro. “Mesmo carro” não, afinal ganhamos incontáveis séries especiais, versões e edições.
Uma pena. O Golf é um dos melhores hatchbacks do mundo e não merecia apanhar do Focus e do i30, carros mais jovens, espaçosos e modernos. Ele resiste no 4º lugar do ranking de hatches mais por falta de competidores que por mérito próprio – ah, sim, o Astra, tão velho quanto ele, está à frente graças ao ótimo custo-benefício.
Solução à vista? Está difícil. A VW parece perdida nesse sentido. Ora alguém deixa escapar que o Golf 6 será feito aqui, depois que ele será um meio termo com a geração 7 e agora especula-se que os mexicanos, sempre eles, ficarão com a glória de produzi-lo, assim como acontece com o Jetta. Aí é só esperar sobrar um pouco de carro na linha para mandá-lo para cá sem pagar impostos.
E, assim, o Brasil segue o triste caminho de país especializado em produzir compactos básicos e simplórios. Enquanto isso, a China, que até outro dia nem tinha mercado de automóveis, faz a lição de casa, se internacionaliza e logo mais dará as cartas do jogo. Quem sabe daqui uma década a VW não acabará copiando o estilo do Chery Cielo da 10ª geração no próximo facelift do Golf de 4ª geração.