Não é invenção, não. Está no relatório financeiro da Ford divulgado nesta terça-feira. A região onde fica o Brasil dá lucro há nada menos que sete anos e meio sem intervalos. Uma leitura mais próxima dos poucos dados é extremamente reveladora.
Os dados referem-se ao 2° trimestre de 2011 e estão reunidos por regiões: América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia-Pacífico-África e “outros automotivos”. Com isso, é impossível determinar quanto cada mercado significa em lucro ou prejuízo para a Ford. A empresa não tem obrigação de abrir essas informações, como já dissemos aqui anteriormente.
Mas alguns cálculos permitem reflexões. Vamos deixar de lado a região que reúne Ásia, Pacífico e África, que, segundo a Ford, passa por reformulação e não tem números tão significativos já que a China não consta desse balanço.
Europa
A Ford faturou, ou seja, ganhou de maneira bruta, 9 bilhões de dólares no continente, com um lucro de 176 milhões de dólares. Ou seja, sua margem foi de apenas 2%. Cada carro vendido na região teve preço médio de 21,3 mil dólares e deu um lucro de 417 dólares. Em outras palavras, um resultado fraco. A Ford apontou os custos de produção e commodities, além dos estoques dos concessionários, pela queda no lucro.
América do Norte
Principal mercado da Ford,claro, a região faturou 19,5 bilhões de dólares entre abril e junho. O lucro cresceu para 1,9 bilhão, ou seja, quase 10% de margem. Foram vendidos 736 mil veículos, 10% a mais que em 2010. O preço médio dos carros foi de 26,5 mil dólares e o lucro por unidade foi de 2,6 mil dólares. A Ford ainda lamentou o aumento nos custos por conta dos investimentos em novos produtos, o que é real.
América do Sul
Como dito no título, a nossa região é lucrativa há muito tempo, mas a Ford reclamou que os ganhos caíram por culpa da inflação e do aumento dos custos. A montadora faturou 2,9 bilhões por aqui e lucrou 267 milhões de dólares, muito mais que na Europa. Para isso vendeu 135 mil carros por uma média de 21,5 mil dólares e ganhou 2 mil dólares em média por cada um.
Olhando dessa maneira, já dá para constatar que:
1 – nossa região dá lucro parecido com o de regiões mais desenvolvidas, embora tenhamos carros mais antigos e menos equipados.
2 – o lucro por aqui já foi maior ainda.
3 – a Ford fatura em média o mesmo que na Europa, mas lá precisa lançar modelos mais cedo para manter-se competitiva.
Brasil
Sim, não é possível dizer quanto o Brasil participa nesse resultado, mas podemos fazer alguns cálculos. Dos 135 mil veículos vendidos na América do Sul, 81,6 mil foram emplacados no Brasil, ou 60% do total.
Desses 40% que sobram a Argentina responde pela metade das vendas, ou 27,1 mil veículos. Juntos, os dois países detém mais de 80% das vendas da Ford no continente.
Mas há uma diferença bastante interessante:
* enquanto um Fiesta nacional custa R$ 34.770 no Brasil ele sai por R$ 23.560 na Argentina (48% a menos)
* enquanto um New Fiesta sedã sai por R$ 50.700 no Brasil ele custa R$ 31.600 na Argentina (58% a menos)
* enquanto um Focus hatch básico tem preço de R$ 54.250 no Brasil ele é vendido por R$ 32.150 na Argentina (69% a menos)
O que podemos concluir com isso? Que dos 2,9 bilhões faturados pela Ford na América do Sul, com certeza absoluta, o Brasil representou bem mais que os 60% obtidos nas vendas. Como a montadora fatura em números absolutos bem mais aqui não é absurdo dizer que a receita no Brasil é superior a 2 bilhões de dólares (ou 69% do total). Apostaria que é maior que isso.
Aí chegamos na famosa “caixa preta” do lucro. A Ford lucrou 267 milhões de dólares no total e se não houvesse diferenças entre custos, preços e margem de lucro, o Brasil teria participado com 160 milhões de dólares.
Vamos dar um voto de confiança para a empresa, então. Se o Brasil representa 2 bilhões de faturamento e lucra hipotéticos 160 milhões, teremos um preço médio por carro de 24,5 mil dólares, o mesmo que os EUA e cia e uma margem de lucro ainda respeitável de 8%.
Agora, e se imaginarmos que o Brasil não só traz mais dinheiro bruto para a Ford, mas também lucra mais que no resto da região? Nada garante que outros mercado deem prejuízo e o Brasil os compense, por exemplo. Digamos que tivéssemos 240 milhões de lucro por aqui e uma receita de 2 bilhões: a margem de lucro pularia para 12%, a maior do mundo.
Que conclusão podemos tirar disso? Que o Brasil certamente dá lucro, a despeito do chororô das montadoras. Que as fabricantes têm uma postura diferente no Brasil na hora da dificuldade. É mais fácil reclamar da infraestrutura, dos impostos, do câmbio e outros aspectos a buscar soluções que beneficiem o consumidor.
Mesmo com resultados ruins na Europa, lá as montadoras estão investindo em novos produtos, assim como nos EUA, mercado que está saturado há tempos. Já aqui, a última novidade da Ford foi o Ka de 1996 reestilizado.
De acordo com os cálculos apresentados, neste período o Brasil sozinho quase representou todo o lucro que o continente Europeu deu a Ford. (hipotéticos 160 milhões ante a 176 milhões de dólares da Europa).
O mercado global de automóveis redescobriu o Brasil, vendo q o falado "custo Brasil" na verdade é "lucro Brasil".
bem feito; o cara compra gambiarras como Fiesta e Ka nacionais e alimenta o sistema. Se dá dinheiro, pq raios a Ford investiria em modelos superiores por aqui?
Leo, foi mal.. mas n só a Ford. A Vw, GMB e principalmente FIAT.
E não só elas.. algumas das IMPORTADAS também como a Toyota e Honda…
Ou seja, não importa a marca, os BRASILEIROS são quem paga os maiores preços para que os demais mercados sejam competitivos.
A questão não é uma marca isolada e sim TODAS.
AQUI É A MINA DE OURO! E eles tem razão de cobrarem alto, pois ninguem deixará de comprar um carro.
Pelo menos a FORD deu o braço a torcer. Equiparou seu FIESTA nacional a ser um modelo competitivo ao J3, com air-bag e abs e mais alguns mimos na versão 1.6, mesmo q seja um modelo velho.
Enfim é algo que não uma empresa tenha que mudar mas o mercado em si, assim como os consumidores também. Os preços devem baixar, os carros devem ser melhor equipados. Porém eu acho q carro tenha q ser uma difícil conquista. Sou contra parcelamentos de mais de 50 meses. Isso é que enche o mercado de carros e nos deixa horas em engarrafamentos inacabáveis somados com o alto preço dos combustíveis. RESULTADO: caos, insatisfação e dor no bolso.
Lendro, foi mal.. mas n só a Ford. A Vw, GMB e principalmente FIAT.
E não só elas.. algumas das IMPORTADAS também como a Toyota e Honda…
Ou seja, não importa a marca, os BRASILEIROS são quem paga os maiores preços para que os demais mercados sejam competitivos.
A questão não é uma marca isolada e sim TODAS.
AQUI É A MINA DE OURO! E eles tem razão de cobrarem alto, pois ninguem deixará de comprar um carro.
Pelo menos a FORD deu o braço a torcer. Equiparou seu FIESTA nacional a ser um modelo competitivo ao J3, com air-bag e abs e mais alguns mimos na versão 1.6, mesmo q seja um modelo velho.
Enfim é algo que não uma empresa tenha que mudar mas o mercado em si, assim como os consumidores também. Os preços devem baixar, os carros devem ser melhor equipados. Porém eu acho q carro tenha q ser uma difícil conquista. Sou contra parcelamentos de mais de 50 meses. Isso é que enche o mercado de carros e nos deixa horas em engarrafamentos inacabáveis somados com o alto preço dos combustíveis. RESULTADO: caos, insatisfação e dor no bolso.
Desculpem pelo repetido post e desculpas a Leandro pela falha a seu nome acima… (a internet aqui crecou)
Mesmo com a sem-vergonhice impretrada contra a nova lei das S.A, com lobby não só das montadoras, diga-se de passagem, que além de ter sido aprovada no apagar das luzes do governo Lula, literalmente, e que continua a nos manter equiparados a "baluartes" econômicos tipo Nigéria, Serra Leoa, Bangladesh, etc., em termos de transparência na divulgação de dados sobre desempenho, é cada vez mais difícil esconder dados, pois muita gente razoavelmente instruída e competente tem se esforçado para entender COMO, sendo consumidor que paga tão caro por um produto como o automóvel, vendo o lucro das montadoras vem com a conversa de que "aqui não vale a pena investir", que "tal modelo é 'muito caro para o Brasil'", etc.
@Eduardo Küll, é isso mesmo. E dá-lhe cocôsport, kombi e golf travestido. Nunca se arrecadou tantos impostos, e nunca as empresas multinacionais lucraram tanto. Senadores e deputados de todo o país receberam gordos aumentos. E a vida do cidadão, está melhor? Quantos brasileiros irão ficar pagando dezenas de prestações, anos à fio, por veículos vagabundos e defasados, que custam quatro vezes mais caro que veículos de qualidade vendidos lá fora? ACORDA BRASIL!!
Ricardo Meier, parabéns mais uma vez. A cada novo artigo/reportagem fica mais feia a situação dos fabricantes aqui instalados perante os consumidores mais esclarecidos.
edu, discordo de você. O que nos deixa horas em engarrafamentos inacabáveis é a falta de transporte coletivo de qualidade (limpo, pontual, confortável, rápido) e a falta de vergonha na cara e de compromisso dos políticos, que só ingressam na política para enriquecer através de maracutaias, e já virou praxe, entra pai, depois filho, depois neto, esposa… a família toda na política e roubando, a roubalheira seguindo gerações.
O cidadão com menor poder aquisitivo não pode ficar impossibilitado de comprar seu Celta ou sua Honda CG em várias prestações por falta de planejamento urbano dos gestores públicos.
@Ricardo Junior, falta de planejamento às vezes não é, é falta de vergonha na cara mesmo, pois cada gestão inaugurada descontinua muito do trabalho já planejado, e a exploração imobiliária compra fácil o direito de alterar as regras de zoneamento: construiu e não pode, dá-se um "jeito". E assim temos o aeroporto mais movimentado da AL sem área de escape e sem para onde crescer, um trânsito que é uma aberração e muitas, muitas obras embargadas ou não finalizadas por esse país afora. Se considerar que empresa do Sr. DF Maluf aluga imóvel para a própria Procuradoria da Fazenda (MF), o que é ilegal, imagine para onde estamos indo. O que precisamos é arrumar a bagunça – precisamos que a Lei seja respeitada: sem Justiça não há como ter Ordem e muito menos Progresso. Voltando aos preços dos automóveis: é óbvio que em um país grande e em desenvolvimento é necessário locomoção pessoal. Mas ninguém parece se preocupar com isso realmente, pois além do brasileiro receber muito mal, os financiamentos são os mais caros do mundo. Somos roubados descaradamente por Governo, montadoras e bancos. E não se iludam – grande parte dos dólares que entram no país é para faturar alto com a miséria do brasileiro, que paga os mais altos preços e juros do mundo.
Devagar as mascaras vão caindo. Acho que ninguém que acompanha as ultimas noticias tem duvida que as 4G estão nos explorando e usando sua influencia no governo e imprensa p/ impedir o desenvolvimento do nosso mercado. Espero que os importados invadam o mercado e forcem as 4G a aplicarem preços mais justos.
Ricardo, excepcional o texto, isso dá uma visão totalmente diferente daquela em que o sr. calmom $$$$$$$$ teve ao indagar que elas sofrem com a agua,luz,gas, e o imposto sobre o investimento que é alto no Brasil entre outras coisas mais, pois o exemplo maior está na recente noticia de que um golf 4,5 aqui custa 67 mil e na argentina o GTi VI custa os mesmos 67 mil reais que a vw pede pelo desejado modelo.Portanto, enquanto existir pessoas como o fernando calmom, o nosso futuro será esse mesmo, mas assim que os consumidores tomarem conhecimento de gente como o Ricardo Meier, o mercado mudará com certeza………desculpe a babação de ovo Ricardo, mas estou profundamente indignado com esse brasileiro que torçe contra o seu proprio povo que é chamado de calmom.
Ricardo, pena que a transparência dos artigos deste blog não seja compartilhada por outros veículos de comunicação tanto do meio eletrônico quanto do impresso, contaminados/"compromissados" que estão com o poderoso lobby das montadoras, importadores e revendedores, que há muito tempo exploram o ingenuo/inculto consumidor brasileiro de automóveis e de outros bens duráveis.
Dá para notar também – infelizmente – que o senso crítico dos que comentam neste blog está muito acima da média do brasileiro "comum", esse que paga sorrindo o preço que é um verdadeiro assalto por um produto ultrapassado, "pelado" e inseguro.
Quem sabe um dia isso muda…
Parabens pela matéria…vou enviar o link para várias comunidades, tanto no orkut qto facebook. Precisamos de mais jornalistas que tenham a coragem de expor essa safadeza… Onde está o jornal nacional que fica remoendo sempre as mesmas notícias e não tem coragem de mostrar isso, cadê a veja e istoé que tanto gostam de capas chamativas e agora se omitem completamente.
PESSOAL OS GRINGOS ESTÃO QUEBRADOS, VAMOS AJUDA-LOS A TER IATES,MANSÕES, POIS ISSO PARA NÓS É SUPERFALO ESTAMOS ACIMA DISSO TUDO SOMOS SERES EVOLUIDOS E NÃO LIGAMOS PARA OS BENS MATERIAS.
A grande verdade é somos os burros de carga e nem nos apercebemos disso dada a lavagem cerebral promovida pelo poderoso lobby das montadoras durante muitos anos, com o devido e providencial auxílio dos políticos.
Foram os nossos lombos que financiaram a recuperação financeira das empresas transnacionais mal administradas, através da remessa do lucro exorbitante das suas filiais aqui instaladas.
Assim, se a GM e Ford se "recuperaram", se a VW e a Fiat se mantiveram incólumes à crise, adivinhem ás custas de quem !