Ninguém pode acusar a Fiat de falta de persistência. A marca italiana sofre ano após ano por não conseguir o mesmo sucesso entre os carros mais sofisticados que tem entre os pequenos. Nesta quarta-feira, 10, a montadora lançou mais uma ofensiva para conquistar esse público mais seleto e que é mais criterioso na hora de escolher seu carro. É o Freemont, o crossover baseado no Dodge Journey que parece que já estava nos planos de Sérgio Marchionne antes mesmo das negociações para a compra da Chrysler terem começado.
Mal a Fiat assumiu a montadora americana e os boatos de uma versão italiana do Journey começaram a circular. Pouco tempo depois lá estava ele: um crossover com poucas modificações estéticas, mas que já tinha motor (2.4) escolhido e interior aproveitado do novo projeto que a Chrysler preparou para o seu modelo.
É este carro que a Fiat traz agora para o Brasil com uma missão ousada: vender tanto quanto a Hyundai emplaca de ix35 por mês, ou seja, até 1.500 unidades. É muita coisa para uma marca que sofre para vender mais que mil Lineas por mês. Mas a marca italiana aposta no preço razoável – R$ 81.900 na versão de entrada Emotion e R$ 86.000 na top Precision.
O release dá até sono de tão grande e cheio de detalhes. Sim, o conteúdo do Freemont é vasto e inclui seis airbags, ABS, ESP e até sistema anti-capotagem. Há farois de leds, ar tri-zona, sistema multimídia, opção de cinco ou sete assentos, muitos porta-objetos e configurações que fazem do modelo uma espécie de minivan com cara de mau. Tudo herança do Journey, claro. Duro é ver a Fiat colocar no texto de divulgação que o ” moderno design do Freemont, fortemente caracterizado, apresenta formas marcantes, com linhas musculosas e ao mesmo tempo sofisticadas”, como se fosse pensado pelos italianos.
O motor 2.4 tem duplo comando variável de válvulas e 172 cv, além de 22,4 kgfm de torque. Com um pouco menos de potência que o V6 2.7 do Journey, o Freemont atinge 190 km/h de máxima, 8 a mais que seu irmão americano, mas é dois segundos mais lento na aceleração de 0 a 100 km/h. Em compensação, o consumo urbano é bem melhor: 9,1 km/l contra 6,6 km/l.
Quebra galho
O Freemont é um dos sonhos de consumo da Fiat, juntamente com uma picape média e um sedã executivo, mas é também um paliativo enquanto as sinergias entre Chrysler e os italianos não gera produtos mais característicos e pessoais. O problema nessa estratégia simplista é que se você busca criar um estilo, uma grife de carros é necessário oferecer um produto com seu expertise de direção e não um veículo com DNA da Chrysler e logo da Fiat. Isso (colocar um logo) qualquer dono de Kadett 1989 ou Escort 1984 (entre outros) faz na periferia ao aplicar as quatro argolas da Audi em seu carro.
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