Depois que a GM foi desfigurada ao perder várias marcas recentemente e a Toyota apanhou pela falta de preocupação com segurança de seus carros, o posto de maior montadora do mundo está em aberto. Se antes a empresa americana sobrava com seus imensos e ineficientes tentáculos e a indústria japonesa se destacava pela estratégia de longo prazo e a qualidade de seus produtos agora não há mais uma receita certa para chegar ao lugar mais alto do pódio.
Se bem que hoje muita montadora teme essa posição pela exposição que ela traz. Mas não a Volkswagen. Os alemães já disseram que querem ser os maiorais em 2018 e para isso resolveram contrariar a maré e se instalar de vez nos Estados Unidos, o mercado mais saturado do mundo. Abriu uma fábrica no Tennessee para o Passat “cowboy” (maior e menos sofisticado que o europeu) e mudou a receita da fábrica mexicana para produzir os novos Jetta e Beetle.
Outro ponto forte da VW é ser líder na China embora essa posição seja, digamos, provisória. Quem duvida que o governo chinês cedo ou tarde não vai assumir a parceria? Por outro lado, dizem os especialistas que a Volks pode enfrentar resistência de sindicatos na Alemanha por transferir sua produção para locais mais lucrativos.
A Toyota conseguiu terminar 2010 como maior do mundo, mas certamente seus executivos trocariam essa posição por apagar da mente das pessoas o vexame com os recalls seguidos dos últimos anos. Lentamente, a marca tenta expandir sua presença em países onde não dáva tanta bola como o Brasil e a China, mas não dá para duvidar da eficiência e perseverança deles.
A GM é a aposta mais certa para terminar 2011 na frente novamente. Além da recuperação nos EUA, a montadora é forte na China (2ª) e na América do Sul, outra região que cresce acima da média. Gostando ou não, os novos produtos que ela lançará nos mercados daqui ajudarão a expandir sua presença. O grande mistério da empresa é a Cadillac, uma marca que deveria assumir o papel de premium, mas que não tem a força e a capacidade técnica das rivais alemãs Mercedes, BMW e Audi.
Embora esteja mais saudável que a média, a Ford perdeu espaço nessa disputa depois que repassou várias marcas premium que possuía. Seus produtos são modernos e seguem hoje um padrão global semelhante ao implantado pela Toyota no passado. Bem instalada na Europa, a Ford peca na América do Sul e na China, onde é coadjuvante.
Os coreanos da Hyundai-Kia foram os que mais avançaram nos últimos anos. Saltaram de 10º para 5º entre os grupos mundiais – isso considerando Renault e Nissan juntas. São extremamente agressivos e têm hoje produtos muitos desejados. Mas têm problemas, o mais grave deles é a falta de capacidade produtiva. Centralizada na Coreia do Sul, a produção não dá conta da demanda. Já tem unidades na Europa e nos Estados Unidos, mas que só abastecem esses mercados em parte. No Brasil, a fábrica de Piracicaba é um dos passos mais adiantados para crescer em volume.
A matéria do jornal Automotive News na qual me baseei nesse texto não cita a Renault-Nissan. Na verdade, não só ela como outras publicações costumam tratar as duas marcas separadas, apesar de trabalharem juntas e terem estratégias bem próximas. Somadas, as duas teriam o 4º lugar mundial, quase no encalço da Volks. Talvez o maior mérito da dupla é a tecnologia de carros elétricos, num estágio mais avançado que das rivais. O problema chama-se Renault. A marca não tem quase expressão mundo afora. Vive de projetos da Dacia e da Samsung fora da Europa. Cabe à Nissan o maior trabalho de globalização e o Brasil é um dos mercados eleitos para sua expansão, como ficou claro nas últimas ações da marca aqui.
Meu palpite para daqui uns quatro anos? Acho que dá Hyundai-Kia com a Volkswagen em 2º.