Acabamos de retornar da coletiva de imprensa da JAC Motors, a mais nova marca chinesa a desembarcar no Brasil. Como antecipamos aqui na semana passada, a montadora será representada pela SHC, a empresa de Sérgio Habib, ex-presidente da Citroën e um dos executivos mais conhecidos e experientes do mercado. Habib escolheu três modelos para a estreia da JAC aqui no final de 2010: o sedã J5, a minivan média J6 e o compacto J3, na versão sedã e hatch.
O J3 nada mais é que o Tojoy, mostrado por nós na semana passada. Aliás, a JAC usará outras siglas para os carros aqui: o J5 é chamado de B-Class na China e o J6, de B-Cross. O pequeno A0 não será trazido: “não vale a pena vender carro barato chinês no Brasil. Apenas de frete são R$ 6 000 fora impostos e outros detalhes”, justificou Habib.
A meta é vender nada menos que 3 mil carros, todos importados da China – não há planos de fábrica no Brasil, afinal Habib considera impossível fazer um carro assim mais competitivo por aqui. Ele prometeu mostrar os carros no Salão do Automóvel de 2010 e começar a vendê-los nessa mesma época. Serão 50 concessionárias nas 31 maiores cidades brasileiras, metade da SHC.
A estratégia lembra a da Chery que até agora não conseguiu cumpriu o prometido. Mas Habib é, sem dúvida, mais experiente nisso – ele seria hoje o maior revendedor Citroën e Ford do país. Surpreendeu, no entanto, o fato dele afirmar que os carros da JAC serão competitivos, mas que não esperemos preços muito mais baixos.
Perguntamos qual seria o apelo de modelos que, por melhor que possam ser – e Habib garante que são bem acima da média chinesa -, não trazem status algum, não tem tradição nem confiabilidade comprovada e cujo preço também não será muito menor. O presidente da SHC apenas afirmou: “você verá”, sem explicar como fará para convencer três mil consumidores a comprar um carro de uma marca totalmente desconhecida aqui.
Até outubro a JAC mostrará os modelos no país, preparando terreno para o lançamento. Em março chegam as primeiras para testes de homologação. Exceto pelo esquisitinho J3, tanto o J6 quanto o J5 até possuem linhas agradáveis, uma mistura do estilo alemão e francês, apesar do estúdio italiano. Esses dois terão motor 1.8 de 143 cv, câmbio manual e suspensão traseira independente, além de um bom pacote de equipamentos.
Habib foi até profético quando confrontado com a péssima imagem dos chineses aqui: “os japoneses levaram 30 anos para mudar a opinião dos consumidores ocidentais, a Coreia, 15 anos. A China deve levar apenas seis ou sete anos para fazer carros elogiados”, previu. E cutucou a concorrência chinesa que, para ele, deveria trazer modelos mais novos e não carros ultrapassados como o Chery Tiggo e o Effa M100. “Esses modelos são de três ou quatro anos atrás. Vocês mudarão de opinião quando verem os novos carros chineses que chegarão nos próximos anos”, prometeu. Estamos esperando para ver.