Após muita expectativa e curiosidade, a Chery estreou oficialmente no Brasil. A marca chinesa “mais internacional”, segundo ela própria, lançou nesta quinta-feira o Tiggo, um crossover compacto que custará apenas R$ 49 900.
Não desmerecendo as demais marcas chinesas que estão em território nacional há algum tempo, a Chery é, na prática, a estreia chinesa no país. Isso porque a montadora e sua representante local montaram uma estratégia de cobertura nacional e de produção e vendas que realmente pode torná-la uma das principais marcas no Brasil.
A coletiva de imprensa, em São Paulo, foi muito concorrida e diversos assuntos interessantes foram abordados. Vamos entrar em detalhes em mais posts, mas uma coisa é certa: os chineses chegaram para valer.
O próprio presidente da Chery do Brasil, Luis Cury, deu um tom durante a apresentação: “estamos na mesma situação que as japonesas há algumas décadas e os coreanos há alguns anos. Eles chegaram com desconfiança, melhoraram e hoje são referência. Só que tenho certeza que os chineses cumprirão esse caminho mais rapidamente”, explicou.
Tiggo ainda é um modelo de transição
Deixemos de lado um pouco os planos da Chery e nos concentremos no Tiggo, o primeiro modelo a rodar em solo brasileiro. Andamos no carro durante 20 minutos num percurso em ruas secundárias do bairro do Morumbi. Ou seja, mal foi possível engatar a 4ª marcha.
A primeira impressão que tivemos é que o Tiggo é um modelo de transição, ainda do tempo em que a Chery copiava automóveis de outros países. Obviamente, o Chery entrega o ouro logo de cara: sua inspiração é o RAV4, da Toyota, mas da geração antiga. No entanto, é um RAV4 simplicado, com linhas mais brutas.
O visual externo tem muito cromado, belas rodas e, visto de longe, uma impressão de acabamento até que boa. Mas de perto é nítida a montagem mal feita de algumas partes. Há muitos parafusos expostos, rebarbas nos plásticos e peças mal fixadas – a maçaneta traseira, por exemplo, só funciona com muita força.
Falta refinamento ao modelo chinês. Aquele detalhe no toque, um cuidado a mais ao esconder peças internas, uma preocupação até com o cheiro de carro novo que as marcas mais famosas têm. Não há nem como definir se o carro é frágil ou não, mas sentimos falta daquela empolgação, daquele brilho nos olhos de ver um carro novo.
Os chineses são humildes e aprendem logo, portanto não é bom duvidar da sua capacidade de melhorar seus produtos. Tanto assim que estamos mais curiosos com o Face e o A3 (modelo médio que mudará de nome, claro). São carros de concepção própria, que podem revelar qual é o real estágio da Chery.
Em movimento o Tiggo até que surpreendeu: o câmbio tem engates bons, a direção hidráulica perde muita agilidade em baixa velocidade e a suspensão passou bem por pisos irregualares. A rigidez da carroceria evitou que houvesse estalos a bordo quando atravessamos lombadas na diagonal.
Já o motor, criticado por alguns jornalistas antes do test-drive, não comprometeu. O receio foi que o torque baixo e a rotação onde ele se dá melhor – muito alta – fossem deixá-lo lento demais. Mas com três pessoas a bordo, o Tiggo andou tranquilo.
Pelo aspecto quantitativo, o crossover (sim, o Tiggo usa carroceria monobloco e tem tração dianteira) impressiona. Entre os equipamentos de série, ele traz praticamente tudo que se espera: ar-condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, ABS com EBD, airbags frontais, freios a disco nas quatro rodas e sistema de som com MP3 e conexão para iPod, entre outros. O preço é menor que o do EcoSport mais barato: R$ 49 900, e o único opcional são os bancos de couro, que devem custar entre R$ 1 200 e R$ 1 500.
O Tiggo começa a ser vendido no último fim de semana de agosto. O site oficial entra no ar amanhã e as concessionárias, em número de 30, estão prontas com os carros de exposição. O crossover terá garantia de 3 anos e o serviço Chery Assistance, de cobertura nacional. A Chery quer vender cerca de 2 500 unidades em 2009, todas vindas da fábrica de Montevidéu, no Uruguai, onde o modelo é montado sob CKD.
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