O ano acabou e não deu outra: quase todas as marcas que atuam no Brasil bateram recordes de vendas em 2010. Não tinha como ser diferente afinal as condições econômicas favoráveis permitiram que mais consumidores pudessem comprar carros novos mesmo com o fim do desconto do IPI. O que não mudou foi a preferência do brasileiro pelos carros defasados.
Mesmo com tantas novidades chegando ao mercado, muita gente optou por modelos velhos, simplórios, alguns querendo parecer mais modernos, outros que apelam para o custo-benefício ou a facilidade de revenda. Há de se reconhecer que são argumentos muitas vezes verdadeiros, mas também é verdade que continuamos a “manter em linha” automóveis que já deveriam ter sido aposentados. Como não nos recusamos a comprá-los, as marcas ficam numa situação cômoda: não precisam tirá-los de linha porque há demanda. Afinal, o que explicaria o fato de a Kombi, mesmo na 3ª idade, permanecer como o 5º veículo mais vendido da VW?
A esperança é que a chegada de novos compactos produzidos por Toyota, Nissan, Honda e Hyundai, entre outras, possa pôr fim ao reinado das marcas tradicionais. Por mais que as vendas de carros médios e grandes tenham crescido a participação é irrisória comparada aos populares e compactos de entrada. Gol e Uno até deram um frescor nesse segmento, mas nem isso fez com que modelos ultrapassados como Celta, Clio e 207 deixassem de crescer nas vendas. O Chevrolet pulou de 139 mil para 155 mil unidades em 2010 enquanto o Renault mais que duplicou seu volume, passando de 14 mil para 30 mil. A família 207 também cresceu: de 57 mil para 68 mil.
Por outro lado tivemos uma luz no fim do túnel em relação a alguns carros já datados: o Palio perdeu o encanto com a chegada do novo Uno e vendeu 137 mil contra 204 mil em 2009, o Golf caiu de 21 mil para 18 mil e o Polo, de 32 mil para 29 mil. Além deles, houve uma boa quantidade de modelos que estacionaram nas vendas, um sinal ruim num ano de crescimento: Prisma (63 mil contra 62 mil), Classic (141 mil contra 138 mil), Astra (29 mil em ambos ao anos), Ka (85 mil contra 84 mil), EcoSport (43 mil nos dois anos) e Parati (7 mil contra 8 mil).
Duro mesmo é ver o sedã City, que embora seja novo e um bom carro, vender 35 mil carros enquanto o Civic despenca de quase 68 mil unidades em 2008 para apenas 31 mil em 2010. Ou seja, ninguém ganhou com isso: o consumidor que pagou caríssimo por um carro que não é médio e a própria Honda, que não conseguiu ampliar seu público e gastou para desenvolver e produzir um veículo novo.
Será que aprenderemos a valorizar nosso dinheiro em 2011?
Isso não é justo, não é só os brasileiros que não sabem comprar carro, os laranjas tambem
http://www.webmotors.com.br/wmPublicador/Colunist…
29 mil polos?!!! e a vw acha que não compensa investir aqui a nova geração (indiano)no Brasil para "subir " de categoria o fox!!! não é a toa que cresceu apenas 1.9% no país, ao passo que, guardadas as devidas proporçoes, a kia cresceu 125%!!!, e se depender do Brasil para ser a nº 1, vai ser muito dificil!
BRASILEIROS "NUNCA SERÃO!"
Bravo !!
Ricardo, acho uma atitude muito corajosa de sua parte escrever o que você escreveu. Isso demonstra a sua isenção, que você não tem o "rabo preso".
Infelizmente não é que ocorre com muitas outras publicações ditas "especializadas" de nosso país que, sabe-se-lá-porquê distorcem as informações sempre a favor das montadoras.
Lembro-me uma vez que uma delas chegou a afirmar que uma modificaçãozinha estética que a Fiat havia feito no extinto Marea teria custado milhões de US$ em pesquisas…oras…a MMC fez muito mais modificações (caseiras) no TR4 alisando todas as laterais do modelo e ninguém disso isso. Não que eu ache o TR4 moderno, é claro.
Para o brasileiro "abrir a cabeça" e passar a exigir mais, primeiro precisa aguçar o seu senso crítico…iniciando por deixar de ler certas publicações tendenciosas e assistir certos programas "automobilisticos" da TV…
Ricardo, X2 em tudo. Excelente post. Parabéns pelo Blogauto que é um veículo sério e mostra que ainda temos esperança de mudar nosso País.
Uma pena que a imprensa geral seja tão desinformada quanto nossos consumidores. O desleixo com nosso mercado em tudo – preços, tecnologia, políticas setoriais – é tão grande que deveria ser denunciado todos os dias nos meios de comunicação.
Mas não – vendem a programação chula ou espaço em artigos para mostrar produtos velhos maquiados. É triste de ver.
Esqueceram de falar do Gol G4, Mille e toda aquela linha com plataforma de plaio 1996 ( Siena, Strada, Weekend, Idea, até mesmo Linea utiliza essa plataforma "ultra moderna" kkkk.
Mais enfim, dizem que Fiat e VW são lideres de mercado por atenderem o anseio do povo Brasileiro, pelo visto esse anseio é carro popular, pelado, sem segurança e velho.
Ricardo,
Discordo que a Honda tenha se dado mal. Um City é vendido por uns R$ 15 mil a mais do que deveria. O Civic sempre foi meio carinho, como qquer carro no Brasil, mas o sedan de emergente é o fim da picada! E o mercado compra e faz fila.
Vendendo a motoca CG e o sedan deformado City para o Brasil, os japoneses devem ter dado muita risada de nós no dovulgação dos resultados de 2010.
Leandro, concordo com você sobre a margem de lucro maior, mas hoje a Honda já vende o City de entrada por até menos que R$ 50.000 contra R$ 56.410 da época de lançamento. Ainda acho que teria sido mais digno dela manter apenas o Civic, um carro em linha com o Primeiro Mundo nem que fosse necessário alguns descontos maiores. Afinal, também se ganha dinheiro com maior volume de produção.
É a mesma besteira (na minha opinião) que a GM fez com o Celta. Em vez de baratear o Corsa, um projeto bom, preferiu inventar uma versão paupérrima dele chamada Celta. Pode ter ganhado dinheiro por causa da linha de montagem enxuta, mas nunca conseguiu vender o hatch tão barato quanto o Uno Mille. Acho que aí pesa também um pouco de respeito em relação ao consumidor.
Abs,
Ricardo
ótima reportagem. O que as montadoras/concessionárias fazem é mais que falta de respeito, é desaforo mesmo. Vejam que estão anunciando agora em janeiro promoções, saldão que são só enganação. Veja a GM: são os mesmos preços de final de novembro, sendo que os carros continuam de 2010 e estamos em 2011. No caso das concessionárias Hyundai de Fortaleza, aumentaram até os preços , inclusive da Tucson que só existe no Brasil e não vende mais como antes (a GLS à vista era 73mil em dezembro, agora dizem 75mil – que era o preço à prazo antes – sendo que em outros estados ela já estava em 70mil à vista, mês passado)
O teu post foi muito bom e sensato. Parabens. Tudo que vc falou é a mais pura verdade.
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Ricardo Meier :
…É a mesma besteira (na minha opinião) que a GM fez com o Celta…
O Celta e o Classic – ambos usam a plataforma anciã do Corsa. É muito pior que se tivessem mantido a plataforma do Corsa novo – até este aliás, a GM foi depredando com o passar do tempo. Triste realidade essa do nosso mercado, onde o consumidor é feito de trouxa.
Pior do que comprar carro ultrapassados é comprar lançamentos baseados em plataformas velhas (ex. Agile), Uno com plataforma de Palio. Cade os abs, air bags, gps? É ridículo um automovel sair da linha de produção sem um GPS que custa R$200 na sta ifigenia. Mas é belo ver a Honda dar com os burros n'agua. Seus carros são ótima qualidade, porém os seus carros são despojados e caríssimos.
Este problema não ocorre só na compra de modelos 0 KM, não entendo como a venda de usados com mais de 20 anos ainda resiste no Brasil, e isto é um absurdo, este fato dificuta muito a renovação da frota.
Bem feito para a Honda, safada, arrogante e mentirosa. Aquela maldita suspensão dura, aquela falta de proteção anti-corrosão e aumentos de preços e motores beberrões, hahahaha, agora ela tomou no estômago.
A GM tem carros defasados, mas são baratos de manter e consomem menos. Já andei num Fit, foi o pior carro que já andei junto com Fiat 147… suspensão para pagar os pecados.