Como vocês devem ter percebido, o Blogauto ficou em “silêncio” desde ontem à tarde e a razão foi ótima. Saímos de Maceió, onde estávamos no lançamento do EcoSport e fomos direto para o evento de outro utilitário, mas esse realmente inédito, a picape média Amarok, da Volkswagen. A montadora realiza a apresentação na cidade de Bariloche, na Argentina, não por coincidência, a terra natal da picape.
O evento é mundial e durará ao todo 12 dias – na semana que vem será a vez dos países fora do continente. Por isso, a VW montou uma espécie de maratona: chegamos ontem à Buenos Aires e hoje saímos da cidade às 7h00 da manhã. Ao chegar em Bariloche, já seguimos para o test-drive, realizado na região e que conta com uma pista de off-road com desafios interessantes para mostrar a capacidade da picape.
Somente agora chegamos ao hotel e nem mesmo a apresentação técnica foi feita – ela ocorre dentro de instantes. Mas vamos adiantar aqui nossas impressões da Amarok, um produto em que a Volks deposita muita esperança de ajudar a se aproximar da Fiat no Brasil em vendas.
Interior familiar
A frota de Amarok já nos esperava no aeroporto e tivemos a oportunidade de avaliar uma versão completa com direito a capota marítima e santantônio estilizado. No interior, em vez do rádio mais simples, o mesmo usado em outros carros da Volks, tínhamos uma tela multifuncional sensível ao toque onde se comando das estações do rádio ao ajuste do ar-condicionado, além de bluetooth e outras funções.
E já adiantamos uma coisa: a Amarok será confundida com a Hilux, sobretudo na traseira. A Volks seguiu ao pé da letra sua maior rival, o que não deixa de ser uma atitude sensanta afinal a Toyota domina o segmento mais luxuoso de picapes médias.
A picape, ao vivo, é bonita, mas bem discreta, ou seja, o contrário da L200 Triton, que é fácil de ser identificada à distância. O interior realmente lembra o de outros carros da Volkswagen: volante, botões, console central e acabamento estão na mesma linha do Polo, por exemplo. Nada sofisticado, bem sólido, mas a Volks exagerou no plástico duro das portas e do painel. Tudo bem que é um utilitário, mas poderia ser um pouco melhor.
A cabine é muito espaçosa, tanto quanto a Hilux, aparentemente – não temos as medidas da Toyota ainda -, mas basta comparar com uma das picapes antigas do mercado para termos uma ideia. Em relação a Ranger, que já medimos anteriormente, a Amarok tem 15 cm a mais de largura no banco dianteiro e 14 cm no traseiro. A altura do assento até o teto é 7 cm maior na frente e apenas 2 cm maior atrás, mas o banco fica numa posição bem mais alta e natural. Aliás, o espaço para pernas traseiro é 5 cm maior que a Ford.
Apenas o comprimento do cockpit da Amarok é menor que o da Ranger: 1,50 m contra 1,52 m. Ou seja, conforto de automóvel de passeio, como a Hilux.
Eletrônica de sobra
O diferencial que a Volks irá trabalhar em cima chama-se eletrônica. A Amarok é carregada de sistemas de ajuda, mais comuns em modelos como o Toaureg, por exemplo. O test-drive off-road ressaltou todos eles: há controle de tração, sistema ABS para off-road, controle de descida e subida, entre outros.
Um dos testes que mais nos impressionaram foi o de controle de subida. Basta acionar o diferencial e engatar a primeira marcha na base de um aclive de até 45º. A picape sobe a ladeira sozinha, tão lentamente que chega a dar impressão que não conseguirá terminar o percurso. Na descida, o sistema também mantém a Amarok sob controle em velocidade mínima, mas na primeira vez que fizemos o teste o recurso não funcionou. O funcionário da VW que nos acompanhava não soube dizer o que ocorreu, no entanto.
Todo acionamento da tração 4Motion é feita por botões na lateral esquerda do câmbio. Enquanto a reduzida necessita que o veículo esteja parado para ser acionada, a 4×4 normal pode ser ligada em qualquer velocidade. O câmbio de seis marchas deixou as relações extremamente curtas: em 2ª, por exemplo, a picape consegue sair da imobilidade sem problemas, mas é um pouco incômodo.
Surpreende também o motor 2.0 de 163 cv: a VW tirou a mesma potência que a Toyota consegue com o 3.0 da Hilux, sem falar no torque superior, de 40,8 kgfm a apenas 1 500 rpm. A disposição é muito grande, mas a 6ª marcha só serve mesmo em velocidades mais altas para economizar combustível. Por falar nisso, o painel de instrumentos da Amarok indica a marcha em uso e sugere a troca caso fique evidente que haverá economia de combustível.
Na estrada, o silêncio do motor e o isolamento acústico da cabine se destacaram. A estabilidade da picape é maior do que se imaginava desde que se leve alguma carga na caçamba, como era o nosso caso. Sem nada atrás, ela se comporta como qualquer outra picape.
Na terra, andamos em velocidades altas e a suspensão soube mantê-la equilibrada sem passar muita vibração na cabine, mas em certos obstáculos que enfrentamos partes do assoalho tocaram o chão.
Sem preços ainda
Em conversa com o pessoal da Volks, soubemos que os preços só serão divulgados no final de março já que a Amarok será lançada no Brasil no começo de abril. Neste momento, a rede de concessionários está recebendo treinamento no interior de São Paulo.
Sem saber quanto a VW cobrará pela Amarok, fica difícil dar um veredicto. A picape tem muitas qualidades e não era para menos – a montadora ensaia a entrada no segmento há anos -, mas ela não traz o mesmo apelo visual da Triton e mesmo da Hilux. Além disso, toda a eletrônica embarcada pode ser vista como um ponto negativo para certos clientes. A Toyota, por exemplo, mantém o acionamento manual da tração 4×4 a pedido de seus compradores, que temem ficar na mçao numa situação extrema.
Se resolver cobrar um pouco menos que a Toyota, a Amarok pode sim fazer sucesso, mas se a Volks achar que tem um produto muito acima da concorrência, corre o risco de ver a picape virar uma espécie de Tiguan com caçamba: é bom, moderno, mas muito caro e por isso visão rara nas ruas.
As fotos de divulgação nos serão passadas hoje à noite e quando voltarmos da apresentação, atualizaremos o post.