Pouca gente sabe, mas a japonesa Suzuki é uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, maior até que algumas marcas conhecidas como a Fiat. É que o ‘core business’ dela são os subcompactos, com os quais só não vende mais que as gigantes Toyota e Honda no Japão. No resto do mundo, a empresa tem outra imagem. No Brasil, por exemplo, ela está associada ao off-road, graças ao bom desempenho de vendas do Grand Vitara e do nacional Jimny.
Agora, no entanto, a Suzuki quer viver novos ares por aqui. Depois de lançar o hatch esportivo Swift Sport, a marca apresentou na semana passada o Suzuki S-Cross, um crossover compacto produzido na Hungria e que compete no segmento mais quente do mercado, onde estão os conhecidos Ford EcoSport e Renault Duster e também as novidades Honda HR-V, Jeep Renegade e Peugeot 2008.
O Suzuki S-Cross é, na verdade, o sucessor do SX4, aquele pequeno crossover feito em conjunto com a Fiat (e lá chamado de Sedici ou 16 em italiano). E o carro é uma grata surpresa. Trata-se, é verdade, de um Suzuki urbano, mas que tem uma capacidade off-road acima da média no segmento nas versões com tração integral.
A parte mais interessante do modelo é, acreditem, a carroceria. Como usa um mix de ligas de aço nobres o Suzuki S-Cross é um ‘peso leve’: a versão manual pesa apenas 1.085 kg. Para se ter uma ideia, o Renegade pesa 1.400 kg na mesma versão manual.
Com isso, o Suzuki pôde usar equipamentos menores e que contribuíram para um desempenho mais eficiente. Entre eles estão o câmbio CVT e o motor 1.6 litro de 120 cv de potência. Graças a essa conjunção de fatores, o Suzuki S-Cross é capaz de rodar 11,9 km com um litro de gasolina e 13,2 km na estrada com a mesma quantidade de combustível – não há versão flex e nem planos, a princípio.
Mas, para chegar a essa equação é verdade que o crossover é um pouco aquém do desempenho que se espera. Ele roda bem, mas não chega a ter aquela disposição em retomadas, ainda mais que o câmbio CVT não ajuda nesse sentido – ele é eficiente, sim, em economizar combustível. Segundo a Suzuki, é o único SUV com selo Conpet, que significa que ele tem nota alta no segmento e no geral.
Mas o Suzuki esconde outras virtudes. O interior, por exemplo, embora simples como os japoneses costumam ser, é bem acabado e o isolamento acústico muito bom. Há vários itens de conforto como partida por botão, comandos satélites no volante, limitador de velocidade ativo (ou seja, limita o acelerador e não apenas avisa da velocidade), ar-condicionado dual zone e bancos de couro de fábrica nas versões GLX e GLS.
A versão top também tem paddle-shifts nos volantes assim como a tração AllGrip, integral e de funcionamento independente. Basta a você escolher entre o botão ‘Auto’, quando ela escolhe qual a melhor forma a todo momento, ‘Mud-Snow’, para terrenos escorregadios, e ‘Sport’, quando o carro passa a ter tração nas quatro rodas, mas com uma divisão mais frontal.
Outro recurso bacana e inesperado do Suzuki S-Cross é a central multimídia Android. Não se trata daquele sistema ‘espelho’ visto em outros carros, em que apenas a tela do celular é reproduzida no carro, e sim de um gadget com recursos semelhantes ao smartphone.
No test-drive, por exemplo, usamos o Waze do Suzuki S-Cross que estava sincronizado com a conexão 3G do celular do motorista. Funcionou bem a partir do momento em que ele conseguiu a conexão – parte mais chata da brincadeira. A central, no entanto, também é de série apenas na versão GLS, mas pode ser comprada como acessório.
O visual, se não enche os olhos como um EcoSport ou não é instigante como o Renegade, é ao menos atraente. O carro até confunde no porte – parece ser maior do que a categoria onde está. Os espaço interno e bom, mas os ocupantes do banco traseiro chegam perto do teto se tiverem mais de 1,8 m de altura. O cliente pode até escolher uma combinação de duas cores na versão GLS pagando R$ 1.000 a mais.
Importado, proibido de vender
Tudo lindo e maravilhoso até aqui não fosse o Suzuki S-Cross importado. Ele é feito na Hungria, um país europeu, mas que tem custo mais baixo de produção. Mesmo assim, não é barato de trazer e aí fica clara a distorção de preços que temos no Brasil. Mesmo pagando 35% de imposto de importação, o modelo chega pouco mais caro que seus rivais. Mas o problema maior é que a Suzuki tem que obedecer a uma cota em relação ao Inovar-Auto que funciona mais ou menos assim: quanto ela produz no Brasil pode importar na mesma quantidade. Ou seja, se vender bastante Jimny com muito conteúdo nacional, maior o crédito para importar sem pagar os 30 pontos percentuais de IPI a mais.
Como o Jimny é um carro de nicho, isso é pouco a ponto de a Suzuki estimar vender 250 unidades do S-Cross por mês. É quase nada num segmento que deve beirar as 20 mil unidades por mês.
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O curioso é que mesmo com essa desvantagem, o Suzuki S-Cross não chega a ser muito mais caro que seus rivais. Veja:
- S-Cross GL 1.6 manual – R$ 74.900 (Duster Dynamique 2.0 manual – R$ 72.990)
- S-Cross GLX 1.6 CVT – R$ 88.900 (Honda HR-V EXL CVT – R$ 88.700)
- S-Cross GLX 1.6 CVT 4WD – R$ 95.900 (Jeep Renegade 2.0 Sport diesel 4×4 automático – R$ 99.900)
- S-Cross GLS 1.6 CVT 4WD – R$ 105.900 (Jeep Renegade 2.0 Longitude diesel 4×4 automático – R$ 99.900)
Quem sabe a Suzuki não se anima a produzir o S-Cross no Brasil. Assim o modelo poderia brigar de igual para igual com seus rivais – sem o peso extra dos impostos.
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