Coitado do Mégane, até era um carro bom. Mas nunca deu certo. Imagino o prejuízo que deve ter deixado para a Renault ou o tanto que ela demorou para bancar o investimento na fábrica em São José dos Pinhais (PR), onde foi produzido até agosto. Foi um carro bonito, bem equipado e com bons preços. Mesmo assim, viu os consumidores em busca de sedãs médios irem para as concessionárias ao lado, em especial as da Honda e Toyota, que dominaram o segmento com o Civic e o Corolla.
Mas a Renault não desiste. E Carlos Ghosn (esse não brinca em serviço), presidente da aliança Renault-Nissan, deu sinal verde para o Fluence no Brasil. O carro, desenvolvido especialmente para mercados emergentes (Rússia e China já são alguns dos mercados do carro), chega com disposição e qualidade para alterar o panorama do segmento. Se ele der certo conforme a marca espera – querem 12% de participação no segmento – quem sofrerá as consequências é o Chevrolet Vectra velho de guerra, atual 3º colocado no nicho.
Tive a oportunidade de andar no carro à convite da marca na semana passada. O percurso envolveu um pouco de vias urbanas em São Paulo e em seguida partiu para a Rodovia dos Bandeirantes, por onde segui mais 80 km da direção e retornei no banco do passageiro. É um sedã bom de dirigir, ainda que o câmbio CVT tire um pouco de sua graça, e o interior esbanja espaço. Lembra muito o Nissan Sentra e não é por acaso.
O novo sedã da Renault tem motor e câmbio iguais ao do carro da Nissan, além de outros equipamentos como o sistema de direção com assistência elétrica. Mas o nível de equipamentos do Fluence dá inveja no segmento inteiro. Nenhum representante desta classe ainda vinha, por exemplo, equipado com GPS integrado ao painel ou seis airbags (as bolsas estão disponíveis já na versão de entrada do carro!). E para seduzir ainda mais, o preço do lançamento fica abaixo do praticado pelos concorrentes.
É uma opção muito interessante a partir de R$ 59.990 na versão manual e R$ 75.990 na opção top de linha com câmbio CVT e uma avalanche de equipamentos. Vale a pena. Tanto que a Renault quer vender mais de 1.500 unidades do Fluence por mês, que vem importado da Argentina. Conseguirá a Renault finalmente encontrar seu lugar ao sol no segmento dos sedãs médios? O vento desta vez está a favor da marca.