Olha, não vou entrar no mérito do preço dos carros, um assunto que a gente discutiu bastante aqui e continuará fazendo até que paguemos valores justos por eles no Brasil. Mas ver um carro como o Fiat 500 mudar de categoria de maneira tão significativa é uma sensação ótima. Na semana passada, dirigi o modelo mexicano que a marca lança no Brasil nos próximos dias.
Estivemos em Miami, nos EUA, terra onde a Fiat retorna com o novo 500 com a esperança de nunca mais ir embora. Só espero que para isso ela não mate a Chrysler já que até aqui essa parceria só trouxe benefícios para a Fiat. É só ver o Freemont e agora o 500 que tomou o lugar do PT Cruiser. Tudo bem, o carrinho vintage já estava meio passado, mas poderia ganhar uma nova versão ou, então, algum produto da Chrysler no lugar.
O que não esperava é que o 500 mexicano fosse receber tantas mudanças. A Fiat diz que é por causa do mercado americano, mas as melhorias vieram a calhar, sobretudo em relação ao acabamento, que está mais sólido e tornou o carro silencioso.
Esteticamente, também há novidades. Talvez fossem até dispensáveis, mas a versão Sport, por exemplo, ganhou para-choques mais esportivos e com linhas atuais. Honestamente, prefiro o tradicional, mas pelo menos fica mais claro quem é quem. Há alguns recursos novos como piloto automático e um sistema de monitoramento de desempenho e consumo batizado de EcoDrive. Basicamente é uma telemetria que é lida por um aplicativo de smartphone e que mostra como você está rodando com o carro. Interessante, mas tenho dúvidas se logo as pessoas vão deixar isso de lado.
Há também novas cores, uma delas o “ferrugem” que é fabulosa, novas combinações internas e possibilidades, mas isso nem sem compara à mudança na motorização e nas transmissões. É aí que o 500 ficou melhor.
Vou começar de cima para baixo. A versão top Lounge Air agora usa um câmbio automático verdadeiro, um Aisin de seis velocidades e troca sequencial. Seu funcionamento é muito bom até porque o motor nem tem tanta potência assim. São 105 cv, somente 5 a mais que o anterior, mas o torque, esse sim, ficou mais vigoroso. Ou seja, o conjunto é bem mais adequado e nisso a Fiat acertou. Mas não esperem por milagres: ele é mais lento que o 500 flex em aceleração, por exemplo.
A redução do ruído no interior e a suspensão recalibrada também foram pontos positivos do 500 mexicano. Há também itens interessantes como o som Bose e o piloto automático. No mais, ele pouco se difere no visual em relação ao polonês.
Depois de sair do Lounge dirigi o Cult automatizado. Logo se nota que acabamento dos bancos e portas é inferior. Também há menos equipamentos, mas na parte mecânica o carrinho foi bem. O motor flex responde bem por ser oito válvulas e até o sempre criticado sistema Dualogic colaborou. Está mais suave, principalmente entre a primeira e a segunda marcha. Claro, não é a mesma coisa que um automático, mas resolve.
Para dois
A Fiat quis convencer os jornalistas que o 500 agora é rival do Fox, do Sandero, do 207 e até do Punto, mas a ideia não bate. Sim, ele é mais barato e equipado que eles, só que não tem espaço interno. Sorry, mas é isso. O que não inviabiliza a proposta. Pelo contrário: é ótimo termos um veículo urbano, econômico e bem construído e equipado por um preço que entra no orçamento de muito mais gente. Ah, sim, desde que essa gente não tenha filhos nem seja muito grande.