Visualmente, pelo menos. A mudança estética foi significativa em relação à geração anterior, nascida em 2003 pelas mãos de Chris Bangle. O sedã desenhado pelo polêmico norte-americano – que pode voltar ao mundo automotivo pela Fiat – é muito mais ousado do que o atual, pensado pelo alemão Adrian van Hooydonk. Mas de uma forma ou de outra a filosofia de Bangle permanece na BMW, não tanto no desenho, mas sim no conceito de inovação. “O Bangle contribuiu para a BMW num momento importante, em que o mercado precisava de algo que quebrasse paradigmas”, me conta Luiz Estrozi, gerente de Treinamento e Serviços da marca no Brasil.
A nova Série 5 tem mais vincos, que deixam o carro mais elegante e menos esportivo, em relação às linhas limpas do modelo anterior. Os faróis de “águia” foram substituídos por um conjunto mais comprido e achatado. As lanternas agora invadem mais a tampa do porta-malas, e são praticamente uma versão ampliada das lanternas da Série 3. O comprimento aumentou em 9 cm, diferença mais concentrada na porção frontal do carro, que exagerou (positivamente) no tamanho do capô – passando a idéia de potência, explica o pessoal da BMW. Ainda que mais conservadora, a nova Série 5 consegue encantar tanto quanto a anterior, a seu modo. E, definitivamente, é mais bonita pessoalmente.
Já a Série 5 GT precisa de mais tempo para ser digerida. Imponência, sem dúvida, não lhe falta, mas seu visual exige uma compreensão que nem todos terão à primeira vista. Afinal, trata-se de uma perua, um hatch “bombado” ou um cupê de quatro portas? Cada um terá uma definição.
O interior dos dois se assemelha, mas com larga vantagem para a Grand Turismo no espaço de trás – não fosse um carro tão bom de guiar, seu comprador possivelmente preferiria ficar a maior parte do tempo nos bancos (ou poltronas) traseiros. A comodidade é tanta que o passageiro do lado direito consegue, no seu próprio comando de abertura e fechamento dos vidros, recolher ou levantar a cortina para-sol do lado esquerdo, e vice-versa. Com regulagem de distância, é possível esticar levemente as pernas no banco traseiro.
Sentado no não menos confortável banco do motorista (em se tratando de BMW o melhor lugar do carro), o condutor encontra um comportamento mais arisco no sedã, que é mais baixo e permite uma posição de guiar mais esportiva. Um teste drive mais longo nos permitiria uma conclusão mais clara e detalhada sobre a diferença dos modelos e motores, mas foi possível concluir que o propulsor de 3 litros e seis cilindros, com turbina simples de duas saídas (Twin Scroll), tem desempenho mais do que suficiente para ambas as carrocerias. A velocidade cresce com rapidez nas investidas mais fortes, e estar a 180 ou 190 km/h (num aeroporto fechado, que fique claro) não parece nenhum absurdo, tamanha a solidez do carro. A direção direta nos confirma que todo profissional envolvido na construção de um BMW tem o prazer de dirigir como sua principal meta. Trocar a versão 535i (3.0, 306 cv) pela 550i (4.4 V8, 407 cv) pode parecer um exagero, mas a diversão será muito maior. Mas precisar mesmo, não precisa.
No geral, a nova geração do BMW Série 5 nos pareceu estar cerca de dez anos à frente do Mercedes-Benz Classe E, por exemplo, um carro muito confortável, potente e sofisticado, mas um tanto antigo perto do rival conterrâneo, se utilizando ainda de solução velhas, como o freio de mão acionado por pedal e a direção hidráulica.
Embora repleto de controles e assistentes – estabilidade, colisão, manobra – nenhum deles afasta o motorista do carro. Um BMW continua uma referência em conexão entre motorista e carro.