Se o consumidor brasileiro comprasse apenas produtos visando o custo-benefício o mercado de crossovers e utilitários esportivos não existiria. Exceto pela altura e o acesso facilitado, pouca coisa vale a pena neles. São pesados, desajeitados, pouco equipados, gastões e caros. Mas a realidade é completamente diferente. As pessoas em geral compram pela imagem e aí um modelo como Sportage fica bonito na foto mesmo devendo em desempenho e equipamentos.
Ao menos agora o crossover da Kia está melhor em três aspectos: retomada, direção e, quem diria, consumo. A montadora coreana foi coerente ao equipá-lo com o motor 2.0 Nu, uma evolução do antigo Theta 2 que traz comando variável de válvulas na admissão e no escape. E o transformou em um bicombustível capaz de gerar 12 cv a mais que o anterior utilizando etanol (166 cv contra 178 cv). O ganho em torque, o que mais importa, foi pequeno, mas decisivo para o Sportage não deixar mais a desejar na hora das ultrapassagens.
O melhor é que o consumo está dentro do esperado. Se seguisse a regra, o Kia iria ver um alcoólatra, mas os números divulgados pelo Inmetro (a marca não quis abrir o jogo) mostram que o Sportage bebe como um sedã comum – 6 km por litro na cidade e 7,4 km/l na estrada com etanol. Antes que alguém considere esses valores muito baixos, é bom levar em conta que o órgão do governo divulga dados mais próximos da realidade e não aqueles números otimistas das montadoras. Um Captiva 2.4 certamente bebe mais gasolina que o Sportage com etanol, como atestaram alguns donos aqui no Blogauto.
Só isso já vale a mudança, mas a Kia aproveitou para melhorar também outro ponto fraco do modelo anterior, a direção hidráulica, um tanto pesada. Agora o Sportage tem direção por assistência elétrica, mais leve e eficiente. O crossover também passou a contar com aro 18 em todas as versões. Poderia até ser aro 17, mas nunca 16 como aconteceu no ano passado. Ah, sim, as versões mais caras exibem luzes diurnas de LEDs em seus faróis.
Por enquanto, a Kia vai aproveitar a exclusividade no segmento para vender o Sportage como o único crossover flex do mercado. Resta saber se desta vez haverá produto para vender já que em 2011 ela prometeu regularizar a situação, mas apenas 8,3 mil unidades foram vendidas, bem abaixo de seus rivais.
Se as novidades me convenceriam a comprá-lo? Com preço partindo de R$ 91 mil, nem pensar. A versão mais, digamos, atraente do Sportage (P687, com teto solar e mais airbags) custa nada menos que R$ 114.900. Por esse valor dá para levar para casa um belo sedã bem mais equipado e potente. Mas talvez não impressione o vizinho e isso hoje faz diferença para muita gente.