Depois dos crossovers, fusão entre os utilitários esportivos e as minivans, a nova categoria mais promissora que surgiu foi a do cupê de quatro portas, iniciada pelo Mercedes-Benz CLS. Mas se o primeiro já chegou ao segmento de porte médio, o segundo ainda é exclusivo das linhas de carros premium. Não é por acaso que a Audi tenha resolvido entrar nesse mercado, depois da própria Volkswagen com o Passat CC. Seu primeiro representante é o A5 Sportback, que será seguido pelo maior e inédito A7 este ano.
Sabendo do seu apelo, a filial brasileira da Audi não tardou em importá-lo, meses após seu lançamento. A primeira surpresa é que o Sportback não é apenas uma versão de quatro portas do A5 cupê, vendido no Brasil com motor V6 3.2 litros FSI. Trata-se de uma plataforma com entre-eixos mais longo, superior até ao do sedã de luxo A8 (na versão normal).
Tudo isso para resolver o principal problema desse tipo de carro, o espaço traseiro exíguo. Para ter a curva de carroceria que o caracteriza, o cupê acaba prejudicando o acesso e o espaço vertical. A solução é tentar instalar os bancos o mais baixo possível e reduzir ao máximo a forração do teto.
No caso do A5, a configuração oferece o justo para pessoas com cerca de 1,80 m de altura. É confortável, mas limitado. Mas, afinal, quem compra um modelo como esse? Segundo Paulo Kakinoff, o presidente da Audi, são homens casados e com filhos, mas que querem ter um automóvel com características esportivas.
Por isso, segundo ele, o A5 Sportback chegou com o motor 2.0 TFSI, de 214 cv em vez do V6: “O A5 cupê é para clientes solteiros que prezam a potência e o desempenho”, explica Kakinoff. “Já o Sportback é um carro mais versátil, que pode ser usado durante a semana inteira a trabalho ou lazer”, conclui.
Além do motor turbo com injeção direta, o A5 tem o câmbio Multitronic de oito velocidades simuladas já que é um CVT, de infinitas marchas. É a mesma configuração do sedã A4, de onde deriva e se destaca pelo comportamento uniforme e suave.
Andamos com o a5 Sportack por cerca de 150 km na última sexta-feira, próximo da cidade de Indaiatuba. O carro é, sem dúvida, uma opção mais interessante perante o A4 e o A5 cupê. O desenho elegante não chama tanto a atenção quanto o CLS, mas exala refinamento.
O interior não difere muito de outros Audi, sobretudo do A4 e, como ele, comete a gafe de não oferecer ar-condicionado de dupla zona. O veículo testado trazia um belo acabamento em tom caramelo e uma pintura azul chamativa, mas certamente não se verá essa combinação nas ruas.
A programação do câmbio permite algumas liberdades na troca das marchas, mas não deixa que o giro do motor entre na faixa de corte. As oito marchas, aliás, facilitam a escolha de um regime ideal de rotação do motor e torque disponível.
O banco traseiro pode acomodar três pessoas, mas será extremamente desconfortável. O A5 nasceu para levar quatro passageiros, sem dúvida. O bom porta-malas tem tampa articulada no teto, como uma perua e o compartimento é bastante amplo, embora baixo.
Apesar do potencial de vendas ser alto – o carro custa R$ 189 000 –, Kakinoff nos disse que poderá vender apenas 200 unidades este ano, o limite imposto pela matriz devido à demanda elevada. “Mas poderíamos vender 400 unidades facilmente”, observa. Como se vê, o Brasil virou mesmo a nova meca para as marcas premium.