Outro artigo revelador sobre o assunto do preço dos carros foi publicado nesta quarta-feira pelo site da revista Automotive Business. Nele são revelados alguns dos pedidos que Anfavea faz ao governo para evitar a “concorrência desleal” com veículos importados que devem chegar a um milhão de unidades em 2011, algo como 25% das vendas.
Segundo o Automotive Business, além de sugestões de desoneração de impostos, sobretudo em cima de salários, incentivos para capacitação tecnológica etc, está um pacote de medidas para dificultar a importação de automóveis e até mesmo para complicar as atuais iniciativas de instalação de fábricas no Brasil.
Está claro que a Anfavea teme os chineses, principalmente. São essas fábricas aparentemente simples que têm, na visão dela, pouco comprometimento com uso de fornecedores brasileiros, as prováveis causadoras da concorrência desleal no futuro.
Além delas estão os veículos importados hoje em grande escala, sobretudo os coreanos que, mesmo com uma carga extra de 35% de imposto de importação e outros custos, chegam ao Brasil com preços bem mais competitivos. “Os fabricantes locais recomendam ao governo examinar de perto a subvaloração e subfaturamento e instituição de requisitos técnicos mínimos, que equivalem a barreiras não-alfandegárias. Haveria uma fiscalização especial para empresas voltadas especialmente à importação (tradings)“, diz um trecho do texto do AB.
Impressionante é saber que em outros segmentos da economia o governo estimula a competição justamente facilitando a importação em certos momentos para “acordar” a indústria local, mas com os membros da Anfavea isso não acontece. Estamos assistindo a um belo teatro em que de um lado temos de pagar absurdos por carros básicos muitas vezes e do outro vemos alguns dos maiores grupos industriais mundiais reclamando que ganham pouco, ou melhor, quase pagam para produzir aqui e o governo se fazendo de desavisado quando o assunto é abrir mão de taxas.
Parecem cenários de dois países totalmente diferentes.