Pelo tom do comercial de estreia do novo Classe A, a Mercedes-Benz quer mesmo ser ouvida pelos jovens. Polêmico, o vídeo cumpriu o papel de colocar o agora hatchback na mídia. Mas talvez nem fosse necessário apelar para algo assim. O novo Classe A é, desde já, uma ótima opção para quem busca um hatch médio premium.
Durante a avaliação por cerca de 150 km que fiz na quarta-feira, descobri um carro com uma pegada mais esportiva até que esperava. A Mercedes não economizou na dose de esportividade: o hatch tem direção esperta, suspensão bem acertada, freios para lá de eficientes e o melhor, uma dupla motor/câmbio que nasceram um para o outro.
Nem parece que são 156 cv, menos que o rival A3. A transmissão de dupla embreagem pode ser acionada por borboletas e aí acaba a receita esportiva. A Mercedes-Benz resolveu abolir a manopla de câmbio no meio dos bancos. Em vez disso, é uma haste pequena atrás do volante, como nos tempos do Opalão. O pretexto é liberar espaço ali, mas faz falta não ter a bendita alavanca no lugar de sempre. Outro recurso esportivo meio perdido é o botão que aciona os modos de direção, Sport, Econômico e Manual. Ele está ali abaixo do rádio quase escondido, uma pena.
Também ao lado dele está o botão Eco que aciona o sistema Start-Stop. Confesso que só gostei uma vez disso, no Fusion híbrido, mas porque nele quando o carro liga é o motor elétrico quem dá vida ao modelo. No sistema de carros com motor a combustão é irritante vê-lo “morrer” a toda hora. Pior: se você precisa acessar uma via expressa e está parada há um pequeno delay que parece eterno, e justo num momento crucial. Enfim, talvez falte costume.
E no design, será que a Mercedes acertou? Diria que sim. O Classe A é bem mais agressivo que o Série 1 atual, um projeto bacana mas meio quadradão, e também que o novo A3, um carro, como se sabe, de visual um tanto repetitivo. Já o Classe A tem uma frente ameaçadora, rodas chamativas, linhas bem marcantes e uma traseira de respeito.
Mas tudo isso só vale para a versão Urban, a que custa R$ 109.900. A Style nem vale citar já que traz faróis halógenos, uma ponteira de escapamento, acabamento mais simples e rodas menores, para citar algumas coisas. Deve servir apenas para o aspecto psicológico de ter um carro abaixo da marca de R$ 100 mil.
A pretensão esportiva só é exagerada no interior escuro e nas janelas e para-brisa estreitos. No começo dá uma certa claustrofobia, mas depois você acostuma. Talvez nem fosse preciso. Por falar em pontos negativos, o Classe A também tem os seus. A marca alemã anda meio desatualizada em matéria de “software”. A interface do painel multimídia é antiga e a marca, sabe-se lá porque, tira o navegador do sistema, algo hoje trivial. O sistema também não é touchscreen e sua tela parece mais um porta-retrato digital do que uma central de carro.
Ao menos, no Classe A o freio de estacionamento acionado por pé deu lugar a um equipamento elétrico que fica na mesma posição do antigo. Esse negócio de pedal de freio de “mão” é coisa de cliente antigo da marca.
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Sobre a bendita propaganda, apesar de não ter gostado (já que não sou o público-alvo do carro), dá para entender a ação da Mercedes. A ideia era ser visto pelo público do carro, que nunca imaginaria que a Mercedes-Benz teria algo a lhe oferecer. Era preciso fazer barulho no início. A partir de agora, no entanto, os marqueteiros da montadora podem esquecer essa jogada e se concentrar no hatch, que tem motivos de sobra para agradar sem Lelek.
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