Mesmo descontada a inépcia desse que lhes escreve, chego à conclusão que as fabricantes de automóveis ainda não souberam entender a revolução que ocorreu no setor de smartphones, tablets e afins. A profusão de centrais multimídias nos carros parece um sinal de que elas acordaram para uma realidade que batia a porta faz tempo: as pessoas querem estar conectadas e com acesso a informação o tempo todo, a fim de aproveitar o tempo perdido no trânsito.
O problema é que os sistemas bolados por elas nem chegam aos pés dos aparelhos com os quais eles têm que interagir. Para o dono de um carro, talvez a tarefa de parear um celular seja algo rotineiro, afinal basta acertar uma vez e depois apenas reconectá-lo, mas nós, jornalistas do setor, acabamos pareando nosso celulares em cada veículo testado e aí haja paciência.
Uns não encontram o celular, outros pedem senhas enquanto os piores nem funcionam com o carro andando. Claro, é uma medida de segurança, mas nem todas as marcas a seguem. Há sistemas que, juro de pé junto, nunca consegui ligar meu celular. O da Citroën é um deles.
Mas até mesmo quem cria um bom dispositivo acaba errando em outro, acreditem. A Renault é dona do MediaNav, que eu particularmente acho o mais bem resolvido entre os carros nacionais. Intuitivo e fácil de usar. Mas teste o que está a bordo do sedã Fluence. Ele nasceu sem tela touchscreen – era acionado por controle remoto! -, mas ganhou uma atualização nos últimos meses para corrigir isso. Só esqueceram de ‘trazer’ a tela para uma posição mais perto do motorista…
Até as marcas de luxo patinam nesse sentido. Lembro bem do pioneiro sistema iDrive que equipava o Série 7 lançado em 2002 pela BMW. Os clientes simplesmente não entendiam como ele funcionava a ponto de revista Time o incluir na lista dos 50 piores carros da história.
Mas até hoje alguns carros ‘premium’ trazem tantos recursos que uma simples operação de sintonizar uma rádio vira um ‘parto normal’. Nessas horas, quando encontro um Volkswagen com o rádio que ainda traz o botão da sintonia giratório é um alívio.
Apple car
Há algumas boas iniciativas atualmente, como a da Honda, que bolou um jeito de espelhar a tela do celular na central, ou da GM e da própria Renault, em criar aplicativos-ponte para o smartphone. A questão é que mesmo essas telas têm interfaces pouco ágeis e sensíveis ao toque, ainda distante da velocidade e precisão dos gadgets que estamos acostumados a utilizar.
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Diziam que Steve Jobs bolava um ‘carro Apple’ antes de morrer. Se isso realmente era verdade, certamente teríamos uma revolução no modo como os automóveis funcionam hoje, assim como sua empresa redefiniu o celular com o iPhone, e num mercado dominado por marcas tradicionais. Fato é que a indústria automobilística não precisa inventar nada, basta seguir o exemplo da Apple e do Google e pensar sempre na intuição e na simplicidade. É isso que faz a diferença.
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