Com novo Ka 2015, Ford dá adeus aos carros pelados

Ford Ka hatch 2015

Está ficando legal dirigir carros compactos, enfim. Se antes sofríamos em comparar desembaçadores traseiros ou quem era menos lento na subida, agora tudo mudou. Start-Stop, câmbio de dupla embreagem e até ESP, quem diria, passaram a entrar no cardápio da categoria mais populosa do mercado, com nada menos que 60% das vendas.

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Em outras palavras, estamos vendo o fim da era dos peladões, aqueles modelos velhos e que traziam apenas o básico a ponto de muitas marcas encherem a lista de equipamentos com itens como ‘motor, pneu e chave’, como se eles fossem um ‘plus a mais’. E quem diz isso com todas as palavras é a Ford, toda orgulhosa do novo Ka 2015, agora uma família com pai (hatch) e mãe (sedã).

Para ela, não há mais como atrair o consumidor até as lojas com versões peladas que não existem na prática. O cliente já sabe o que procura e, de acordo com a Ford, quer carro com ao menos ar-condicionado, vidros elétricos e direção assistida.

Nesse quesito, a marca preparou o novo Ford Ka 2015 para agradar em todos os sentidos. Até usou aquele famoso gráfico de ‘teia de aranha’, que os homens de marketing destacam onde seu produto é melhor. Para os executivos da montadora, o Ka é melhor, ou na pior das hipóteses, igual aos concorrentes mais preparados. Será? Veja o que BlogAuto achou do Ka 2015 hatch e Ka+ em alguns aspectos:

Ford Ka+ 2015

Visual

Por que o Ford Ka 2015 nasceu assim, mais quadradão que o belo New Fiesta? Para oferecer mais espaço interno que seu irmão efetivamente maior. O carro é mais vertical e com interior bem mais espaçoso, mas isso, claro, atrapalha do lado de fora. O novo Ka 2015 não é tão bem resolvido quanto um Hyundai HB20, mas está anos-luz de um Toyota Etios. Ou seja, agrada o suficiente, sobretudo o hatch. O sedã sofre do mal dos compactos de três volumes. Tem uma porção traseira imensa por causa do porta-malas, mas entreeixos igual o do hatch, além de rodas pequenas. Não é uma combinação muito feliz, mas ninguém aqui nesse segmento sobra nesse aspecto.

Espaço interno

Só não chega aos pés do Renault Sandero/Logan, claro, tanto que a Ford ‘esqueceu’ de colocá-los na apresentação. Mas é bem confortável, com bom espaço para as pernas atrás e uma posição de dirigir bem ergonômica. Ponto negativo é o descanso do pé esquerdo, que esbarra no pedal de embreagem. Ele é alto por dentro e suficientemente largo para levar cinco pessoas. O porta-malas está na média e é bom lembrar que a Ford optou pelo estepe de emergência, mais fino e que ajuda a abrir espaço para as malas.

Ford Ka 2015

Equipamentos

Direção elétrica, ar-condicionado potente, vidros com acionamento elétrico, conexão com celular desde a versão SE, abertura elétrica da tampa do porta-malas são alguns dos itens legais do Ford Ka 2015. Ainda há o Sync por um punhado de reais a mais e o ESP, rodas maiores, faróis de neblina e caprichos no acabamento como conteúdo da SEL.

Mas nem tudo são flores. Ajuste de altura do banco e computador de bordo deveriam existir desde o básico. E ajuste de retrovisores só mesmo no dedão. O item foi deixado de lado pela Ford. Outros queridinhos do público como sensor de estacionamento e central multimídia viraram acessórios para ajudar as concessionárias a faturar um extra.

A Ford inventou um suporte para smartphones que fica na tampa superior do console, uma ideia que não é original, mas é prática desde que o motorista queira expôr seu celular a meliantes.

Ford Ka+ 2015

Acabamento

Para a felicidade de quem trocará um Fiesta Rocam por um Ford Ka 2015, o interior está bem mais agradável que seu antecessor na linha de produção baiana. A Ford soube desenvolver plásticos com texturas agradáveis, bancos de dimensões ideias e algumas comodidades como uma base emborrachada no meio do console para manter o celular preso. Há diversos porta-copos pelo carro e um volante com empunhadura muito boa. Os botões têm manuseio também agradável, sobretudo o que regula os faróis. Enquanto o Ka 2015 hatch usa de um plástico prata o sedã escolheu o manjado “Piano Black” que na Ford foi rebatizado de “Proteus Black”, seja lá o que isso signifique.

Pecadinhos? Sim, existem. No interior da tampa do porta-malas, o cabo que aciona a trava elétrica está exposto e no caminho das malas. Os bancos traseiros são simples e sem nenhuma ergonomia, sem falar na ausência da divisão mesmo no SEL. O cluster também lembra o de carros chineses, com uma iluminação meio apagada.

Surpresas? Sim. Maçanetas de carro médio, ajuste de altura do cinto (já aposentados por outras montadoras) e o sistema pantográfico de abertura do porta-malas, que não atrapalha a entrada e saída das malas.

Ford Ka+ 2015

Desempenho

No teste de lançamento não dá para tirar conclusões sobre consumo, que a Ford diz ser o melhor da categoria. Isso fica para um segundo contato. Mas o Ford Ka 2015 tem dirigibilidade coerente, com marchas bem escalonadas, seja no 1.0 litro de 3 cilindros ou no 1.5 litro de quatro cilindros. Mas o desempenho não parece ser muito diferente em ambos os casos. As retomadas foram apenas razoáveis no caso do sedã 1.5 com quatro pessoas. A direção, embora elétrica, tem um peso maior do que o esperado. O carro, é verdade, tinha pouquíssimos quilômetros rodados e muitos problemas de montagem.

Preço

Começa em R$ 35 mil e pode chegar a R$ 45 mil no hatch 1.5 litro. No sedã, o intervalo está entre R$ 38 mil e R$ 47,5 mil (veja tabela abaixo). A diferença entre hatch e sedã é pequena, de R$ 2.500 com os mesmíssimos equipamentos. Já para sair do 1.0 3 cilindros de 85 cv e migrar para o 1.5 de 110 cv o custo é proibitivo. São R$ 5 mil para ter um pouco mais de disposição e certamente um gasto maior de combustível. Está claro que a Ford quer empurrar o Ka popular e deixar o 1.5 como opção apenas para quem foge de motores mil.

Veja também: Uno 2015 terá Start-Stop e interior novo

Em suma, a impressão é de ser um compacto prático de guiar e com bons itens para agradar essa clientela agora mais exigente e que não quer mais ver carro pelado pela frente. Deve ajudar a Ford a descolar dos rivais Renault e Hyundai, mas não o suficiente para aproximá-la do trio Fiat, GM e Volks. Na verdade, o que a Ford quer mesmo é atuar no mesmo papel dos coreanos e seu HB20, o maior rival do Ka 2015, e que vende tudo que produz. Quem não sonha com isso?