Renault Duster 2.0 Dynamique

Antes que alguém me pergunte, eu respondo: sim, acho que o brasileiro merece ter um carro médio ao pagar por um carro médio. Não deveria ser possível vender um veículo básico com preço de médio. É o caso do EcoSport e também do Duster. O “jipinho” romeno-francês, como se sabe, é um derivado do Logan, um sedã que nasceu sem as pretensões de ser um carro global. Tinha, sim, a meta justa de satisfazer o sofrido povo dos ex-satélites comunistas da União Soviética, que se espremiam em Ladas e Trabants.

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O que a Renault descobriu depois é que romenos, húngaros, poloneses, búlgaros e cia. tinham mais em comum com outros consumidores pelo mundo, de países apelidados de “emergentes” – é verdade que o carro também é vendido em mercados desenvolvidos como a própria França. Como sedã e como hatch compacto (Sandero), o projeto se encaixa nas necessidades de espaço desse público. Mas como carro de imagem passa a ser um veículo puramente emocional.

Em outras palavras, o dono de um carro assim não está nem aí de ter um produto simples desde que impressione na rua. Não liga para acabamento nem para sofisticação. Se fosse assim ia de Fluence, um sedã realmente racional, como dissemos anteriormente.

Mas a verdade é que a Renault não tem nada a ver com essa preferência do brasileiro. O EcoSport está aí para provar. A Ford foi uma das primeiras a tornar um carro “popular” em médio. Não faltaram clientes que, embora reclamassem da pobreza do interior, guiaram seus jipinhos todo orgulhosos. A montadora bem que tentou sofisticar o Eco ao longo do tempo, mas não existe milagre nesse caso. Portanto, a Renault, com o Duster nas mãos, não tinha como fechar os olhos para essa possibilidade.

A maior prova do acerto é que o modelo está vendendo bem logo de cara, como mostram os emplacamentos das últimas semanas. A receita da marca francesa foi a mesma da Ford: versões mais baratas com motor 1.6 e versões mais equipadas com motor 2.0 e a possibilidade de seguir pelo conforto (câmbio automático) ou off-road (4×4). Complete a equação com uma lista generosa de apetrechos estéticos e temos mais um “aventureiro de supermercado”.

Renault Duster 2.0 Dynamique

“Sanderão”

Mas, afinal, o Duster é bom? Se comparado ao EcoSport, sim. É maior, bem maior, aliás, tem um interior um pouco mais equilibrado e, principal, preços mais em conta – mas caros para um veículo básico, fruto da novidade. A versão que andei era a topo de linha: Dynamique 2.0 com transmissão automática e até bancos de couro. Preço da fatura? R$ 66.100.

É isso aí que você leu no parágrafo acima. Quase R$ 70 mil por um Sandero grandalhão que não tem ajuste de profundidade no volante, suspensão independente na traseira, acabamento adequado e outros itens que seu irmão Fluence traz de série desde a versão básica (que custa somente R$ 60.290).

Se nenhum alerta acima lhe tirou a ideia de comprar um Duster (um direito de qualquer pessoa), você terá um carro com um conjunto mecânico bom: o motor 2.0 flex empurra bem (mas cobra no bolso por isso), o câmbio automático de quatro marcas trazido do antigo Mégane faz seu papel e a suspensão, embora simples, está bem ajustada para o piso brasileiro – dá para passar na diagonal em valetas com um certo conforto.

O painel é um pouco diferente do Sandero e Logan, mas não se empolgue – é apenas um refresco. Alguns problemas da família foram compartilhados como o local onde está o acionador dos espelhos elétricos (embaixo da alavanca do freio de mão), a rude adaptação dos acionadores dos vidros num encaixe na porta e no belo, porém, pouco prático rádio “double-din”, que usa o botão do volume como sintonia e divide o verdadeiro volume em dois botões separados. Também incomoda o banco elevado que, mesmo na posição mais baixa, faz a gente dirigir como numa minivan.

Em suma, assim como seu inspirador EcoSport, o Duster também está mais preocupado com o que os outros vão dizer. Desde que eles não peguem em sua porta levíssima, por exemplo, pouco importa o que vem no recheio.

Renault Duster 2.0 Dynamique